Você é do tipo que fala:

“Não sou ciumento(a), só estou cuidando do que é meu”

Pois é, essa frase pode revelar que você é uma pessoa ciumenta.

Na lição desse Domingo vamos falar um pouco sobre esse mal que vem destruindo relacionamentos e acabando com a família.

O ciúme já foi visto pela sociedade como uma prova de amor, um sentimento normal de quem ama de verdade.

Porém o noticiário mostra todos os dias casos de homicídios motivados por ciúmes.

Como o caso ocorrido em São Paulo em 2012, onde Elize Matsunaga matou, esquartejou e colocou seu marido em pedaços numa mala. Tudo pelo ciúme doentio que ela sofria.

O ciúme que começa quase inofensivo pode sim virar doença.

Nesse texto eu vou te mostrar:

  • Como o ciúme começa
  • Como ele se desenvolve e porque se torna doença
  • Porque ele é uma ameaça para as pessoas envolvidas

E principalmente:

Como você pode evitar uma tragédia.

 

Qual o tamanho do seu ciúme?

O ciúme é a manifestação da insegurança, do medo de perder, da dependência emocional e do complexo de inferioridade de uma pessoa.

O ciumento não é capaz de manter o amor e o domínio sobre a pessoa amada, por isso ele tem pelo menos a vontade de afastar todo e qualquer rival que se aproxime dela.

Segundo Freud, o pai da psicanálise:

“o ciúme é um sentimento normal comparado ao Luto, caracterizado por uma aflição causada pelo pensamento de perder o elemento amado (ou a pessoa amada), por uma ferida no próprio ego e por sentimentos de rancor contra o concorrente bem sucedido.”

Seguindo essa linha de pensamento, podemos aceitar o ciúme como um sentimento natural.

Então qual seria o problema?

 

O ciúme pode ser dividido em 3 diferentes níveis, o problema está no 2º e no 3º que são patológicos:

 

  • Primeiro nível: ciúme normal

O ciúme normal é aquele que acontece eventualmente, onde de alguma forma a pessoa se sente excluída das prioridades da outra.

É o que chamamos de ciúme justificável, quando o outro lhe dá motivos pra tê-lo.

Esse é mais fácil de resolver, basta conversar com o parceiro(a) sobre o motivo e tentar uma solução.

Esse é o tipo de ciúme mais leve, porque ele para por aí, não ocorre com tanta freqüência e pode ser até saudável pra relação se levar vocês ao diálogo pacífico e resolução.

 

  • Segundo nível: ciúme neurótico (patologia)

Esse já é um caso de patologia (doença). O ciúme neurótico não ocorre eventualmente, mas com certa freqüência.

O ciúme se torna uma patologia quando ele traz sofrimento tanto para si quanto para o parceiro(a).

O ciumento neurótico passa a sentir uma angústia dentro do peito e uma insegurança em relação a si mesmo e a outra pessoa. Ele(a) desenvolve um estado permanente de tensão com medo de ser traído ou abandonado.

Freqüentemente ele sente a necessidade de ter a certeza que o parceiro(a) não está sendo infiel, mesmo que esse não tenha dado nenhum motivo.

O ciumento neurótico assume que está com ciúme e que precisa controlá-lo, mas ele não consegue, por mais que ele tente.

 

  • Terceiro nível: ciúme paranóico (patologia)

O nível mais avançado de ciúmes é uma patologia grave. O ciumento paranóico (ou delirante) tem a certeza de que está sendo traído, mesmo sem ter nenhuma prova.

O ciumento neurótico tem delírios, permanece em vigília o tempo todo, fica tenso, aflito, ansioso, sempre em busca de alguma ação que comprove suas suspeitas.

Diferentemente do ciumento normal, esse não aceita o fato de que é ciumento, não suporta que o acusem de ciúmes. Ele acredita estar coberto de razão e apenas defendendo algo que é seu.

Pessoas com ciúme patológico são desequilibradas emocionalmente

O grande problema do ciúme patológico é que ele meche com o lado psíquico da pessoa, levando-a a agir com base em suas emoções e na sua imaginação.

Esse desequilíbrio emocional leva a pessoa a quadros de risco, onde ela pode passar por uma crise de ansiedade, depressão e até a cometer loucuras, oferecendo riscos para si e para o outro, pois na sua cabeça ela não se conforma que está sendo trocada por outra pessoa.

 

Há uma terceira pessoa vista como uma ameaça

O ciúme na maioria das vezes é despertado quando a pessoa insegura emocionalmente desconfia que seu parceiro(a) está traindo ela com uma outra pessoa.

Nesse ponto, o ciumento obsessivo vive num mundo fantasioso, onde ele é a vítima de uma traição e elege inclusive quem é o seu rival (o grande culpado na cabeça dele).

É muito difícil para o ser humano assumir as suas falhas e inseguranças, logo o ciumento ao invés de assumir que ele é o inseguro, prefere se proteger, proteger o parceiro(a) que ele não quer perder e portanto destina todo o seu rancor para essa terceira pessoa que ele desconfia estar envolvida na traição.

Esse é um quadro mental que se passa na cabeça do ciumento, é um quadro psíquico semelhante a uma esquizofrenia.

 

Da esquizofrenia à tragédia

O pensamento delirante toma conta de todo seu estado psíquico e atinge níveis que ele mesmo não pode suportar.

É como uma panela de pressão, ela vai aquecendo, aquecendo, pegando pressão, se ninguém cuidar, ela explode!

Uma pessoa com esse quadro psíquico de “esquizofrenia” por ciúmes é capaz de qualquer coisa pra evitar a perda da pessoa que ama.

O rancor que ela guarda da terceira pessoa envolvida na sua história fantasiosa pode ser o estopim pra uma tragédia. Basta uma oportunidade, um dia que ela veja os dois conversando, uma mensagem da pessoa ou uma ligação, um esbarrão… enfim, apenas um gatilho pra que ela tome a decisão de cometer uma loucura.

 

Tudo pode terminar em morte

Uma pessoa dominada pelo ciúme possessivo é sim capaz de fazer coisas que ela nunca fez, pois não está no domínio do seu estado psíquico. Basta observar a quantidade de casos que permeiam o noticiário policial todos os dias na TV mostrando casos que acabaram em morte.

Se você está em um estágio de ciúme patológico, procure ajuda urgente pro seu próprio bem. É quase impossível essa história terminar bem, ela sempre termina em separação, sofrimento, violência e em alguns casos até em morte.

Felizmente, existem tratamentos psicológicos e terapias pra reverter a situação.

Um tratamento vai te ajudar a curar as causas que te levam a ter esse tipo de comportamento e te transformar numa pessoa segura de si mesma, forte emocionalmente e que não se autoflagela por crises de ciúmes.

Lembre-se, uma pessoa pra amar alguém de verdade precisa primeiro aprender a amar e cuidar de si mesmo.