Ele tinha diante de si uma nação a proteger (v.1). A frase inicial desse versículo aparece no Livro de Juízes com uma regularidade monótona (3:7, 12; 4:1, 2; 6:1; 10:6, 7) e pode ser vista aqui pela última vez. Apresenta o período mais longo de opressão que Deus permitiu que seu povo sofresse: quarenta anos sob o domínio dos filisteus.
Os filisteus1 faziam parte dos “povos do mar” que, no século doze a.C., migraram de uma região da Grécia para a planície costeira de Canaã. Durante a conquista, os israelitas não conseguiram tomar essa região (Js 13:1, 2). Ao estudar o mapa da Terra Prometida, vê-se que a existência dessa nação concentrava-se em torno de cinco cidades principais: Asdode, Gaza, Asquelom, Gate e Ecrom (1 Sm 6:1 7). A terra entre a região montanhosa de Israel e a planície costeira era chamada de “Sefelá”, que significa “terras baixas” e que separava a Filístia de Israel.
Sansão nasceu em Zorá, cidade na tribo de Dã próxima à fronteira com a Filístia, e, em várias ocasiões, atravessou essa fronteira para servir a Deus ou para satisfazer os próprios apetites.
Sansão julgou Israel “nos dias dos filisteus” (Jz 15:20), o que significa que seus vinte anos como juiz transcorreram durante os quarenta anos de domínio filisteu. De acordo com o Dr. Leon Wood, o começo da opressão filistéia pode ser datado de ca. 1095 a.C ., estendendo-se até 1055 a.C ., quando Israel conquistou sua vitória em Mispa (1 Sm 7).
Mais ou menos no meio desse período ocorreu a batalha de Afeca, na qual Israel foi vergonhosamente derrotado pelos filisteus, perdeu a arca da aliança e três sacerdotes (1 Sm 4). A sugestão de Wood é que o mandato de Sansão como juiz teve início por volta da mesma época da tragédia de Afeca e que sua principal função foi perturbar os filisteus e impedir que conseguissem invadir a terra e ameaçar o povo.
É interessante observar que o texto não apresenta qualquer evidência de que Israel tenha clamado a Deus pedindo libertação em algum momento do domínio filisteu.
Uma vez que haviam desarmado os israelitas (1 Sm 13:19-23), os filisteus não se preocupavam com a possibilidade de uma rebelião.
Juízes 15:9-13 indica que os israelitas pareciam estar acomodados a sua situação e não queriam que Sansão causasse qualquer tumulto. E assustador como nos acostumamos rapidamente à servidão e aprendemos a aceitar essa condição. Se os filisteus tivessem sido mais severos com os israelitas, talvez o povo tivesse clamado a Jeová pedindo socorro.
Ao contrário da maioria dos juízes anteriores, Sansão não livrou seu povo da dominação estrangeira, mas começou um processo de libertação que seria concluído por outros (13:5). Uma vez que era um herói poderoso e imprevisível, Sansão causou medo e perturbação nos filisteus (16:24), impedindo que destruíssem Israel como as outras nações invasoras haviam feito. Seriam necessárias as orações de Samuel (1Sm 7) e as conquistas de Davi (2 Sm 5:1 7-25) para concluir o trabalho que Sansão havia começado dando a Israel a vitória absoluta sobre os filisteus