ESTUDO SOBRE RUTE - SOGRA E NORA


 



No hebraico, Rut; na Septuaginta Routh embora haja estudiosos que dão a esse nome próprio feminino o sentido de "companheira", outros preferem pensar que o significado do nome é desconhecido.

No cânon hebraico, o livro de Rute faz parte de sua terceira seção, os hagiógrafos. O livro era um dos cinco rolos (no hebraico, megilloth), cada um dos quais usado em uma das cinco principais festividades de Israel. Esse livro era lido por ocasião da festa das Semanas ou Pentecoste. Entretanto, na Septuaginta, na versão latina da Vulgata, e na Bíblia portuguesa, o livro de Rute vem imediatamente depois do livro de Juízes. E essa arrumação parece historicamente lógica, porque o autor situa sua narrativa dentro daquele período da história de Israel, ao dizer, logo no início da obra: "Nos dias em que Julgavam os juízes".... (Rute 1:1).

O livro, gira, principalmente, em torno de sua heroína, Rute, a moabita, O nome dela aparece por treze vezes na Bíblia, doze no próprio livro de Rute, e uma vez em Mat. 1:5, dentro da genealogia do Senhor Jesus Cristo. 

Aliás, por três razões principais a heroína, Rute, merece figurar como uma das grandes personagens femininas da Bíblia: 

1. A história de sua vida e de sua fé no Deus de Israel, Yahweh. 

2. O fato de ter sido bisavó de Davi, o grande rei de Israel. 

3. O fato consequente do anterior, de ter sido uma das antepassadas do Senhor Jesus. 


Na genealogia de Cristo, no livro de Mateus, há menção a quatro mulheres, Tamar, nora de Judá; Rute; a que fora mulher de Urias, Bate-Seba; e Maria, Sua mãe. Tamar era cananéia. Bate-Seba e Maria eram israelitas. Mas Rute era moabita. E bastaria esse fato para torná-la uma figura estranha,. porquanto Deus havia decretado que nenhum moabita fana parte do povo de Israel. Lemos em Deuteronômio 23:3: “Nenhum amonita nem moabita entrará na assembléia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na assembleia do Senhor, eternamente”

Portanto, seu casamento com Quiliom (vide), e, posteriormente, com Boaz (vide), e dessa vez, na terra de Israel, têm que ser atribuídos Suas causas: ou esses israelitas afrouxaram na proibição acerca dos moabitas, ou, então, Rute mereceu ser uma exceção à regra, devido à sua excelência de caráter. Quanto: à própria Rute, ela se integrou perfeitamente ao povo de Israel, o que transparece, acima de tudo, em sua famosa declaração à sua sogra, Noemi: “Não me instes para que te deixe, e me obrigues a não te seguir; porque aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali. pousarei eu; e teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus- (Rute 1:16).


Queremos ainda tecer alguns comentários esclarecedores sobre certos pontos desse esboço do conteúdo:

1. A Desastrosa Migração a Moabe (1:1-5). Uma data aproximada para esses acontecimentos, se formos retrocedendo da genealogia de 4:17, é 1100 A.C. O período de fome, em Israel, tomou Elimeleque e os três membros de sua família “peregrinos” em Moabe, onde não tinham quaisquer direitos como cidadãos. Não há menção a qualquer castigo divino por haverem eles deixado a sua-terra, e em face do casamento de Malom e Quiliom com jovens moabitas, mas esse castigo pode aparecer implícito nos desastres que se abateram Sobre a família, com a morte dos três membros masculinos da mesma, Elimeleque primeiro, e, então, Malom e Quiliom, deixando três mulheres viúvas. Outrossim, a lamentação de 1:21 sugere a perda de consideráveis possessões materiais, que a família teria trazido de Belém, talvez adquiridas antes que a fome apertasse em Judá, Diz aquele versículo: “Ditosa eu parti, porém o Senhor me fez voltar pobre... ,.


2. Volta de Noemi a Belém de Judá (1:6-22).

Quando Noemi resolveu voltar à sua terra, suas duas noras viúvas teriam mais probabilidades de arranjar novos casamentos em Moabe. Orfa percebeu a desvantagem de ir para Judâ com Noemi. Mas certas palavras de Rute mostram que ela já havia aceitado a Yahweh como o seu Deus, antes mesmo de resolver partir para Judá, Disse Rute: “...faça-me o Senhor o que lhe aprouver.” (1:17). E assim Rute partiu com Noemi, naquela viagem de apenas oitenta quilômetros até Belém da Judéia, para nós, essa distância nada representa. Com um automóvel, nas estradas modernas, tal distância pode tomar apenas uma hora de viagem. Mas, naquele tempo, viajando a pé, duas mulheres podem ter passado vários dias no trajeto, enfrentando os mais diversos perigos.

3. Rute e Boaz Conhecem-se (2:1-23). Os cuidados demonstrados por Boaz, em favor de Rute, mostram-nos quão indefesa ficava uma mulher, jovem e estrangeira, em outra terra que não a sua. Apesar do perigo, Rute trabalhou arduamente, a fim de sustentar a si mesma e a sua idosa sogra. Sem dúvida, isso não deixou de ser observado por Boaz. Quem gosta de uma mulher preguiçosa, mesmo quando sofre penúrias

4. O Plano de Noemi (3:1-5). Assim como Rute mostrou-se disposta a trabalhar para sustentar sua sogra, assim também Noemi planejou para a felicidade de sua nora. As instruções de Noemi a Rute foram um apelo indireto a Boaz, para que. Ele desempenhasse o seu papel de parente remidor. Nessas instruções, Rute teria de tomar a iniciativa na conquista amorosa. Talvez Noemi tenha visto que Boaz, por ser homem de meia idade, e solteiro não tomaria a iniciativa. Mas, depois que Rute pedi, que ele lançasse a capa sobre ela, mostrando assim que aceitaria com prazer a ele como marido, Boaz começou a agir. Assim, Noemi planejou de modo estratégico certo. O primeiro obstáculo, para Boaz, foi o de afastar o parente ainda mais chegado, o que conseguiu valendo-se do argumento da necessidade dele. também casar-se com Noemi, o que o parente mais chegado não aceitou. E, tendo começado a tomar providências para casar-se com Rute, Boaz não era homem irresoluto para ficar pelo meio do caminho, conforme Noemi reconheceu. Ver Rute 3:18.

5. Na Porta da Cidade (4:1-12). Essa porta sempre dava para a praça principal das cidades antigas. Ali se faziam os neg6cios comerciais, judiciais e sociais. Interessante é o antigo costume refletido em 4:7,8. Aquele foi o sinal público de que o parente mais chegado desistia do dever de ser o parente remidor, transferindo-o a Boaz. O ato solenizou e deu legalidade ao casamento de Boaz e Rute.

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