TEXTO ÁUREO
“Porque, onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa”. (Tg 3.16)
VERDADE PRÁTICA
O ciúme é uma obra da carne e só o fruto do Espírito é capaz de superar as consequências ruins dessa emoção.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Pv 6.34 O ciúme desperta a fúria das pessoas
Terça – 1 Co 3.3 Onde há ciúme há carnalidade
Quarta – Mc 15.10 Pessoas perseguiram Jesus por causa do ciúme
Quinta – Gl 5.25 Rejeitando o ciúme de maneira convicta
Sexta – Fp 4.8; Pv 4.23 Protegendo a mente e o coração do ciúme
Sábado – 1 Co 13.4 O antídoto do perfeito entendimento do amor
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 37.1-4,11,18,23,24,28
1 – E Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 – Estas são as gerações de Jacó: Sendo José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus irmãos; e estava este com os filhos de Bila e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia uma má fama deles a seu pai,
3 – E Israel amava a José mais do que todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.
4 – Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos os seus irmãos, aborreceram-no e não podiam falar com ele pacificamente.
11 – Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai, porém, guardava este negócio no seu coração.
18 – E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele, para 0 matarem.
23 – E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiram a José à sua túnica, a túnica de várias cores que trazia.
24 – E tomaram-no e lançaram-no na cova; porém a cova estava vazia, não havia água nela.
28 – Passando, pois, os mercadores midianitas; tiraram, e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte moedas de prata aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito.
Hinos Sugeridos: 20, 425, 432 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
O ciúme é uma emoção humana que pode levar a grandes proporções. Todas as pessoas sentem ciúmes em algum momento da vida; às vezes é por alguém da família, outras vezes é por amigos ou por algum bem que é considerado precioso. Há pessoas que sentem ciúmes por cargos e funções e isso pode acontecer tanto no ambiente profissional como no ambiente eclesiástico. Nesta lição, temos o propósito de refletir a respeito das consequências do ciúme na família.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Refletir sobre as consequências do favoritismo e do ciúme na família de Jacó;
II) Identificar os males que o ciúme provoca nos relacionamentos;
III) Compreender que o homem precisa orientar seu coração pela Palavra de Deus e não por suas emoções carnais.
B) Motivação: Nesta lição veremos que o ciúme é uma emoção carnal e, se for cultivado, pode chegar ao descontrole, causando consequências gravíssimas para as famílias e para os relacionamentos em geral. O cristão não pode ter ações dirigidas por seus impulsos ou emoções carnais. Assim, veremos como ele pode lidar com essa emoção.
C) Sugestão de Método: O tema desta lição é uma emoção comum a todos os alunos. Comece a aula propondo um diálogo sobre o ciúme. Pergunte à sua classe: “Alguém aqui é ciumento? Você costuma sentir ciúme por alguém ou por alguma coisa? Você já foi alvo de ciúmes? Se sim, como você se sentiu”? Após alguns minutos de compartilhamento, inicie a exposição da lição.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Esta lição nos convida a refletir sobre as emoções que permeiam nosso coração e que costumam influenciar nosso comportamento. O ciúme não deve ser naturalizado ou fantasiado como uma “prova de amor e cuidado”, porque ele traz consigo sérias consequências. Devemos lembrar que a Bíblia diz que “o amor não arde em ciúmes” (l Co 13.4 – NAA). Portanto, como cristãos, nosso coração precisa ser regido pelo amor e não por emoções carnais.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 93, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:
1) O texto “Quem era José”, que ajuda a aprofundar o primeiro tópico, mostra o perfil de José, apresentando o contexto histórico do seu nascimento e sua dinâmica familiar.
2) O texto “As consequências do favoritismo e do ciúme”, que expande o segundo tópico, traz um alerta quanto às consequências da emoção do ciúme.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
A história dos filhos de Jacó não só é comovente, mas dramática. José, filho amado do patriarca, foi alvo do ciúme dos seus irmãos. É verdade que Jacó tinha certa preferência por ele. Por isso, tornou-se uma pessoa de confiança do velho pai.
José delatava todas as más ações de seus irmãos para o patriarca da família. Por esse motivo, eles o viam como um delator e merecedor das hostilidades deles. A lição de hoje não tem o objetivo de tratar dos aspectos gerais da história de José, mas enfatizar essa relação de conflito dentro da família de Jacó. Vejamos as consequências para uma família em que a inveja e o ciúme estão presentes.
COMENTÁRIOS
Por incrível que pareça, a história se repete na experiência humana. Os mesmos sentimentos ruins que acometeram Abraão e Isaque também se acometeram na história de Jacó, filho de Isaque e Rebeca. Normalmente, preferimos falar ou escrever sobre os aspectos positivos das grandes conquistas e das vitórias pessoais desses personagens, mas evitamos abordar os seus desacertos e problemas vividos. Os sentimentos de inveja e ciúme no meio da família de Jacó produziram rebeliões, porfias, mentiras, violência e divisão.
Os sentimentos de inveja e ciúme no meio da família de Jacó produziram rebeliões, porfias, mentiras, violência e divisão.
Neste capítulo, a história dos filhos de Jacó não só é comovente, mas destaca o modo errado e equivocado de tratamento do velho Jacó com os seus filhos. Mais uma vez, a demonstração de favoritismo a José, o filho amado e mimado de Jacó e Raquel, tornou o rapaz alvo da inveja dos seus irmãos. Jacó não só demonstrava atenção especial para com José como fez dele o filho em quem mais confiava. José, imaturo e até certo ponto inocente, soube aproveitar os benefícios que o pai lhe proporcionava e delatava as más ações de seus irmãos no serviço do pastoreio de ovelhas e cabras. Seus irmãos, ao serem cobrados pelo pai das más ações praticadas fora de casa, sabiam que José era quem os delatava e, por isso, eles o hostilizavam. Essa situação não só promoveu o conflito familiar, como também desenvolveu um sentimento de rejeição contra José da parte de seus irmãos.
Porém, existe algo interessante na história. Quando José começou a receber revelações de Deus em sonhos que o colocavam sempre em posição de superioridade em relação aos seus irmãos, como no caso do sonho dos molhos de trigo (Gn 37.7,8), os irmãos o rejeitaram e o aborreceram, e não conseguiam falar com ele pacificamente (Gn 37.4). Chama a atenção nessa narrativa mosaica o fato de que o texto diz: “porém, seu pai, guardava este negócio em seu coração” (Gn 37.11). O que Jacó guardava no coração acerca desse assunto? Sem dúvida, ele sabia que Deus tinha um plano especial com José, mas o velho pai não soube administrar essa situação.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 49-50.
A história de José pode ser lida pelo menos de três formas diferentes. Se a lermos como literatura, descobriremos uma história fascinante de um pai extremamente amoroso, um filho mimado, alguns irmãos enciumados, uma esposa dissimulada e um a escassez de alimentos de abrangência internacional.
Não é de se admirar que, ao longo dos anos, artistas criativos voltaram-se para essa história em busca de inspiração. Em 1742, Henry Fielding usou o José da Bíblia como modelo para criar seu personagem Joseph Andrews. No ano seguinte, Handel compôs o oratório José. Num período de dezesseis anos, o escritor alemão Thomas Mann escreveu quatro romances baseados na vida de José. No entanto, Gênesis 37 – 50 é muito mais do que um texto de literatura dramática, pois ao investigarmos seu conteúdo em mais detalhes, descobrimos uma história repleta de profundas implicações teológicas.
A mão de Deus fica evidente em cada uma das cenas controlando e prevalecendo sobre as decisões das pessoas e, no final, Deus constrói um herói, salva uma família e cria uma nação que será bênção para o mundo todo. Por trás dessa história, está o cerne do Deus da aliança que sempre cumpre suas promessas.
Para o cristão, existe ainda uma terceira forma de ler essa história, pois José é uma das ilustrações mais ricas de Jesus Cristo no Antigo Testamento. José é semelhante a Jesus por ser amado por seu pai e obediente à sua vontade, rejeitado por seus próprios irmãos e vendido como escravo, acusado falsamente e castigado injustamente e, por fim.
elevado de um lugar de sofrimento para um trono de poder, salvando, desse modo, seu povo da morte. A maior diferença, porém, é que o relato diz apenas que José morreu, enquanto Jesus Cristo, de fato, deu sua vida na cruz, porém foi ressurreto da morte a fim de nos salvar.
Gênesis 37 mostra em detalhes a dinâmica de uma família cujos membros conheciam o verdadeiro Deus vivo e, ainda assim, pecaram contra ele e uns contra os outros por meio de palavras e ações. A presença de José naquela casa não criou os problemas, mas sim tornou-os aparentes.
Considere as forças destrutivas operando nessa família, forças sobre as quais Deus, em sua graça, prevaleceu para o próprio bem daquelas pessoas. Onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5:20).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 182.
Palavra-Chave: CIÚME
I – A FALHA NO TRATAMENTO DOS FILHOS
1- A preferência de Jacó.
Em Gênesis 37, lemos que “Jacó amava a José mais do que a todos os seus filhos” (Gn 37.3). É possível que o patriarca, tenha percebido que havia algo especial em relação a José. Entretanto, independentemente de ser o filho da sua velhice, José era um dos muitos filhos que ele havia gerado.
Naturalmente, quando são conscientes do seu papel paterno e materno dentro do lar, os pais percebem as diferenças de personalidade e de temperamento de cada um dos filhos. Por isso, é preciso muita atenção no relacionamento com eles.
Na lição 2, estudamos a respeito do problema que foi gerado pela predileção de Isaque e Rebeca entre Esaú e Jacó. Aqui, na história de José, veremos que a predileção de Jacó produziu o ciúme e a inveja entre os irmãos, as consequências graves dessa prática dentro da família.
COMENTÁRIOS
O texto narrativo de Gênesis 37.3 diz: “E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos”. Os pais dentro do lar percebem as diferenças de personalidade e de temperamento de cada um dos filhos. É possível que Jacó tenha percebido que havia algo especial em relação a José, mas, independentemente de ser o filho da sua velhice, José era mais um dos filhos que ele havia gerado.
No capítulo anterior, tratamos do problema que gerou o preferencialismo de Isaque e Rebeca acerca de seus filhos Esaú e Jacó. Em circunstâncias diferentes, essa história se repete com um dos filhos de Isaque e Rebeca. Jacó era o preferido de Rebeca, Esaú era o preferido de Isaque. O mesmo espírito negativo que gerou divisão e engano prevalecia agora na história de Jacó. Do mesmo modo que Isaque e Rebeca fizeram com os gêmeos, Jacó repetia o comportamento dentro da sua família de 12 filhos.
Num dos cânticos dos degraus de Salomão em Salmos 127.3, o sábio diz: “Os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão”. Na verdade, o que o texto quer dizer é que os filhos são um presente de Deus ao casal, que deve amá-los de igual modo, pois cada um deles forjará seu futuro com os princípios vividos dentro do lar. Se os filhos são herança do Senhor, os pais, marido e esposa, devem não apenas gerá-los, mas criá-los com amor e disciplina para que honrem a Deus e ao pai e mãe em tempo posterior.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 50-51.
Israel amava mais a José. O mesmo tipo de favoritismo que Rebeca e Isaque tinham demonstrado no tocante a Jacó e Esaú (Gên. 25.28). O favoritismo dos pais sempre cria males. Quando José foi levado para 0 Egito, então o favoritismo de Jacó foi transferido para Benjamim (Gên. 44.20). José e Benjamim eram natural- mente favorecidos, pois eram os filhos únicos da mui amada esposa Raquel, já falecida.
Filho da sua velhice. Era filho de sua esposa favorita, Raquel, gerado quando ele já estava com noventa e um anos de idade. Jacó tinha esperado, por vinte e sete anos, um filho da parte de sua amada Raquel. Assim, quando José nasceu, isso constituiu um acontecimento especial.
O favoritismo materno tinha separado Jacó de sua mãe, Rebeca, e os dois nunca mais se viram (Gên. 27.1-28.5). Esse favoritismo era parte da razão pela qual seus meios-irmãos mostravam-se tão invejosos, e por que ele terminou no Egito, após ter sido vendido como escravo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 235.
José, o filho predileto do pai (37.3). O texto apresentado retrata José sendo alvo do amor preferencial de seu pai, predileção esta que se transformou em favoritismo. José era o filho primogênito e favorito da esposa favorita de Jacó, além de ser o filho de sua velhice e diferente de seus irmãos em caráter e atitude.
É certo que Jacó não agiu de forma prudente ao amar mais a José do que aos outros filhos, pois os pais não devem ter predileção por um filho em detrimento dos outros. Esse mesmo erro foi cometido por Isaque, seu pai, e de geração em geração essa mesma atitude vem sendo repetida, sempre gerando tensões na família.
LOPES. Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
2- O ciúme em meio à preferência.
Jacó não mediu as consequências ao presentear seu filho José com “uma capa de várias cores” numa clara atitude de preferência. Isso provocou ciúmes nos demais filhos, os quais entenderam que o pai não lhes dava o devido valor.
Ora, José era o décimo primeiro filho de Jacó, e quando os mais velhos se sentiram alijados do amor do pai, encheram-se de fúria. Eles viam que esse traje especial significava o favoritismo da parte do pai e, por isso, “ aborreceram-no” (v.4).
COMENTÁRIOS
Jacó não só protegia José porque era filho de sua velhice, mas enquanto os demais filhos se vestiam com vestidos e túnicas de linho áspero, o velho pai mandou confeccionar uma túnica especial com várias cores e a deu a José (Gn 37.3). Jacó não teve honradez ao presentear seu José com “uma túnica de várias cores” numa demonstração da preferência do pai por José.
Essa atitude de Jacó provocou ciúmes nos demais filhos, os quais entenderam que o pai não lhes dava o devido valor. Ora, José era o décimo primeiro filho de Jacó, e quando os mais velhos se sentiram preteridos do amor do pai, se encheram de ciúme e inveja. Eles viam que esse traje especial significava o favoritismo da parte do pai por José e, por isso, “aborreceram-no” (v. 4).
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 52.
Sendo Menos Amados, Eles Odiavam. O amor é o poder maior, na terra ou no céu. Ser alguém menos amado pode levá-lo ao ódio e a atos de destruição. Jacó via Raquel em José. Ademais, desde a infância, sem dúvida, José era dotado de um cará- ter espiritual e moral superior. E isso fez Jacó ver nele 0 que ele mesmo gostaria de ser, mas que não era. E assim, fixou-se em José; e seus meios-irmãos tinham plena consciência do fato. E assim, todo sinal de favoritismo paterno só servia para aumentar mais ainda o ódio deles.
Eles nunca falavam com José em termos pacíficos. A hostilidade era contínua. Nem ao menos tentavam disfarçar seu ânimo adverso. Isso transparecia na maneira de falar deles. Nem se mostravam corteses para com ele, nem 0 saudavam com o usual shalom (paz). Viviam esperando uma oportunidade para prejudicá-lo. E essa oportunidade não demorou muito.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 235.
José, odiado pelos seus irmãos (37.4). Era notório que essa distinção dada a José despertava no coração de seus irmãos uma inveja perigosa, um ódio velado e uma hostilidade que desembocou numa clamorosa injustiça. A primeira manifestação desse ódio estava no fato de que já não podiam lhe falar pacificamente. Essa postura de Jacó custou-lhe muito sofrimento, pois ficou privado de seu filho amado durante vinte e dois anos. A crueldade dos irmãos de José foi uma tempestade na alma deles, pois não conseguiram viver em paz, uma vez que a consciência deles bradava sem intermitência, acusando-os de violência ao irmão e mentira ao pai.
As virtudes de José denunciavam os pecados de seus irmãos; a sua luz apontava as trevas em que viviam; sua prontidão em obedecer de todo o coração ao pai apontava para a maldade deles. O sucesso de José era o fracasso deles, que não viam José como um irmão e amigo, mas como um concorrente, e olhavam para ele não com benevolência, mas como um rival que deviam afastar do caminho.
LOPES. Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
3- A inveja não permite compreender os desígnios de Deus.
Além desse presente do pai a José, também havia os sonhos de José que o colocavam sempre em superioridade em relação aos seus irmãos. O sonho dos molhos de trigo e o sonho dos corpos celestes que se inclinavam diante de José (vv.5-9), quando contado para seus irmãos, fizeram com que eles entendessem que José agia com arrogância e despeito em relação a eles e, por isso, o rejeitavam.
Os sonhos tinham um caráter profético, mas seus irmãos entenderam como uma atitude presunçosa da parte de José. Não podiam enxergar o que aconteceria alguns anos depois, quando José tornou-se governador do Egito (Gn 41.41-43).
COMENTÁRIOS
Outro elemento forte que alimentava o ciúme e a inveja dos irmãos de José eram os sonhos de José, que o colocavam sempre em superioridade aos seus irmãos. Um dos sonhos era o dos molhos de trigo, no outro sonho José diz aos irmãos: “o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam a mim” (Gn 37.9). Até mesmo o velho Jacó entendeu que o filho exagerava e demonstrava atitude arrogante perante a família (Gn 37.10).
Quando José contou seus sonhos aos irmãos e ao seu pai, a reação foi de total rejeição, porque entenderam que José agia com arrogância e presunção, por isso, o rejeitaram. Biblicamente, entendemos que aqueles sonhos tinham um caráter profético, mas os irmãos de José entenderam como uma atitude orgulhosa da parte do rapaz. Eles não podiam prever nem imaginar que aqueles sonhos se cumpririam alguns anos depois. Mesmo tendo passado por humilhações e sendo tratado como escravo, Deus cuidou da vida de José de tal modo que lhe concedeu inteligência e espiritualidade suficientes para conquistar o coração do Faraó e vir a tornar-se o governador do Egito (Gn 41.38-40).
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 52-53.
O Propósito Profético Atuava em José. A experiência psíquica mais comum é o sonho precognitivo. As pesquisas modernas têm mostrado que todas as pessoas são capazes de prever, essencialmente, o seu futuro, nos sonhos, mas que a maioria das pessoas não se lembra de seus sonhos nem sabe interpretá-los corretamente. Como é claro, um sonho também pode ser um veículo espiritual, a exemplo da profecia (Joel 2.28; Atos 2.17). Assim, se todas as pessoas têm sonhos precognitivos, algumas pessoas têm sonhos precognitivos especiais que equivalem à profecia.
Esses sonhos quase sempre envolvem outras pessoas, e não apenas o próprio indivíduo que sonha. O autor do livro de Gênesis mostrou ter grande respeito pelos sonhos espirituais. Ver Gên. 20.3,6; 28.12; 31.10; 37.5,6,9,10; 40.5,8,9,16; 41.1,7,11, 12,15,17,22,25, 26,32 e 42.9. O sonho-visão de Jacó, acerca da escada que ia da terra ao céu, teve uma função similar ao das visões (Gên. 28.12). Os símbolos usados nas visões e nos sonhos são idênticos. Em consequência, quem interpreta sonhos pode interpretar visões, e vice-versa.
José Sonhava e Seus Irmãos Odiavam. José e seus irmãos eram as tribos de Israel em potencial. Seus sonhos previam, em termos amplos, como José teria a ascendência, e como isso seria um fator determinante para que a nação de Israel tivesse início (no Egito). A superioridade de José daria a Israel uma oportunidade de multiplicar-se em paz. Sua presença no Egito atrairia o resto da família ao Egito. Em um desses sonhos, seus irmãos prostravam-se diante dele. Antes disso, porém, ele teria de passar por muitos testes severos, alguns deles provocados por seus próprios meios-irmãos. Seus sonhos proféticos, pois, penetravam por muitos anos futuro adentro. Os estudos sobre os sonhos de- monstram que até sonhos precognitivos comuns podem perserutar longe no futuro.
Os Sonhos e a Sua Interpretação. Temos entre vinte e trinta sonhos por noite. Quando ocorre um sonho há um movimento característico dos olhos, chamado pelos especialistas de REM (rapid eye movement, movimento rápido dos olhos). Há cinco ou seis ciclos de sonhos a cada noite. Em experimentos em laboratório, muitos sonhos podem ser captados a cada noite, despertando-se a pessoa quando começa 0REM. Sonhamos por um total de cerca de duas horas e meia a cada noite. Interessar-nos pelos sonhos, registrando-os e interpretando-os conduz a uma memória melhor de nossos sonhos.
Este versículo mostra um interesse especial pelos sonhos e sua interpretação, o que mostra que os antigos reconheciam a importância dos sonhos. Conforme alguém já disse: “Nenhum sonho é por causa de nada”. A maioria dos sonhos está ligada ao chamado cumprimento de desejos. Mas até mesmo esses sonhos preveem como os desejos serão satisfeitos. Outros sonhos estão ligados à solução de problemas. Todas as pessoas, a cada noite (ou a quase cada noite) têm sonhos psíquicos, e os sonhos sempre envolvem algo como ensino espiritual, encorajamento ou orientação. Sonhar pode ser uma herança divina, se pudermos aprender a lembrar e interpretar os nossos sonhos.
Um Sonho de José. Os feixes de José adquiriam vida e agiam como se estivessem em uma breve peça teatral. O seu feixe ficava no centro do palco, enquanto os feixes de seus irmãos se inclinavam diante do dele. Esse sonho tomava coisas comuns da vida e os transformava em símbolos, algo constante nos sonhos. Há símbolos universais, compartilhados por pessoas de todas as raças. Um filho, por exemplo, aponta para o trabalho, para algum projeto ou para o ideal de realização do sonhador. A idade desse filho pode simbolizar o estágio do desenvolvimento em que se acha o projeto ou ideal. Um veículo pode significar uma maneira de realizar algo, ou, então, o próprio corpo do sonhador, o veículo de seu espírito. Uma casa, com frequência, aponta para o corpo ou para a vida da pessoa. Mas certos símbolos são especiais para o indivíduo que sonha com eles, e esses vão surgindo com base nas circunstâncias de sua vida,
Incidentalmente, esse sonho de José indica que a família de Jacó não se ocupava somente na criação de animais, mas também na agricultura. Ver também Gên. 26.12 (quanto a Isaque) e 30.14. O sonho tirou proveito desse aspecto da vida de José.
Um Símbolo de Futuro Distante. O sonho de José contemplou o futuro distante e viu José a cuidar de questões agrícolas, no Egito, e como essa circunstância traria seus irmãos àquele país (porquanto haveria fome em Canaã). Naquela conjuntura, eles se submeteriam a ele. Os estudos modernos têm mostrado que um sonho pode capturar e realmente capta coisas que só acontecerão muitos anos mais tarde.
Contudo, quando são precognitivos, sondam somente o futuro imediato. O discernimento humano profético comum (excetuando-se aqui a profecia espiritual) limita-se a um período de três anos, futuro adentro. Mas há exceções, mesmo incluindo pessoas comuns. Os estudos mostram que todas as pessoas tomam consciência de sua própria morte pelo menos com um ano de antecedência, ainda que estejam em plena saúde e venham a morrer por acidente. Os sonhos projetam essas previsões. Portanto, no último ano da vida de uma pessoa, muitos de seus sonhos simbolizam a aproximação da morte, embora a maioria das pessoas não tome consciência do fato.
o meu feixe. Antigos escritores judeus pensavam que esse item simbolizava o Messias. No Egito, José foi uma espécie de messiah ou ungido, além de ser tipo do Messias de Israel (ver as notas sobre o terceiro versículo, quanto a esse tipo). (Raya Mehimna em Zohar, em Gên. foi. 87.2) Ver Gên. 42.1-3 e 50.12 quanto à cena que ainda ocorreria no Egito.
Reinarás… sobre nós? É interessante que os irmãos de José receberam uma interpretação instantânea e correta do sonho de José, o que indica que eles tinham certa prática quanto a essa atividade. O próprio fato de que o Gênesis menciona tantos sonhos (ver referências a respeito nas notas sobre o vs. 5) mostra a importância dos sonhos na mente dos antigos hebreus. Outro fato significativo revelado neste versículo é que a verdade pode fazer outras pessoas odiar e perseguir àqueles que a possuem. Muitas pessoas têm mente exígua, preferindo os seus erros a ter de enfrentar a verdade. A verdade requer mudanças, e nem todos os homens se dispõem a passar por essas mudanças. As pessoas temem as inovações. É mais cômodo ficar onde já se está, mesmo que isso sacrifique a verdade.
Outro Sonho de José. Podemos estar certos de que a José foi dada toda uma série de sonhos, e não apenas dois. Em breve (embora estivesse então com apenas dezessete anos) haveria de perder seu lar e ser levado para uma terra estranha, e ali passaria a viver como mero escravo. Todavia, um grande futuro jazia à sua frente, e chegaria a ser o Primeiro-Ministro do Egito. Mas quem teria pensado em tal coisa? Antes disso, contudo, deveria sofrer às mãos de homens maus e desarrazoados. Seus sonhos se acumularam e se mostraram urgentes, pois uma grande mudança haveria em breve de ter lugar em sua vida.
O sol, a lua e onze estrelas. Esses são símbolos universais. Os antigos pagãos criam que os corpos celestes são deuses ou habitações dos deuses. Os mitos astrológicos incorporaram essas crenças em seu sistema. E mesmo quando os homens vieram a crer que isso não é verdade, os corpos celestes continuaram a ser concebidos como dotados de poder sobre a vida dos homens.
Há doze signos no zodíaco, e temos aqui José, um dos irmãos, e mais onze irmãos, formando o zodíaco hebreu, por assim dizer. “As constelações do zodíaco foram distinguidas entre as nações orientais desde tempos imemoriais” (Adam Clarke, in loc). Não precisamos supor que José estivesse envolvido em astrologia. Os hebreus eram fracos quanto às ciências (incluindo a matemática), e assim dificilmente se interessariam pela astrologia. Os matemáticos desenvolveram a astrologia, na Babilônia e no Egito. Contudo, a mente de José poderia ter usado símbolos comuns a esses estudos. As estrelas eram símbolos universais de governantes. O sol é 0 deus-pai, e a lua é a deusa-mãe, de acordo com as religiões antigas. Assim, nesse sonho, pai, mãe e onze filhos sub- meter-se-iam a um outro filho. No primeiro sonho, a mente de José empregou itens comuns a seu trabalho como símbolos. Mas, neste segundo sonho, sua mente tirou proveito da mente universal, extraindo dali símbolos universais. Ambos os atos são comuns nos sonhos.
Neste momento, tenho à minha frente o livro How to Interpret Your Own Dreams (Tom Chetwynd). Ele apresenta esses símbolos (embora não estivesse pensando nos sonhos de José), mas apenas baseado em estudos científicos:
Lua e Sol
A lua representa o aspecto feminino, maternal — o oposto do sol (o qual representa, pelo menos algumas vezes, o aspecto masculino, o pai). O meio-dia representa a masculinidade. O sol personifica o deus-sol, uma figura autoritária, a força da vida. (Naturalmente, há muitos outros símbolos do sol e da lua. Exponho aqui apenas os que se aplicam ao sonho de José.) As estrelas ou planetas (os antigos não sabiam qual a diferença entre eles) circulariam em redor do sol, a figura central, como os filhos fazem com seu pai.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 235-236.
Sonhos que despertaram ódio (37.5-10)
José era também um sonhador e teve dois sonhos metafóricos ou parabólicos com a mesma estrutura e mensagem. O primeiro sonho falava do seu feixe e dos feixes de sua família. José conta para sua família que, enquanto atava feixes no campo, o seu feixe se levantou e ficou em pé, e os feixes de seus irmãos se inclinavam perante o dele (37.5-8). Seus irmãos foram os intérpretes desse sonho. O segundo sonho estava relacionado aos astros celestes, em que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante ele (37.9,10); no caso desse segundo sonho, o intérprete foi seu pai. Waltke diz que esses são os primeiros sonhos na Bíblia nos quais Deus não fala (20.3; 28.12-15; 31.11,24).
Os sonhos de José não eram delírios da juventude, mas revelações divinas acerca do que aconteceria no futuro com a família de Jacó e nos quais José é apresentado como o grande líder da família e todos os seus irmãos se curvam perante ele (42.6; 43.26,28; 44.14). Os sonhos de José tornaram-se o pesadelo de seus irmãos, e o fato de ele não guardar esses sonhos apenas para si, mas compartilhá-los com seu pai e seus irmãos, agravaram ainda mais a já difícil relação de seus irmãos com ele, e estes passaram a odiar José ainda mais (37.5).
Está escrito: […] E com isso tanto mais o odiavam, por causa dos seus sonhos e de suas palavras (37.8). José chegou a ser repreendido por seu pai, quando este disse: […] Acaso, viremos, eu e tua mãe e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra? (37.10).
LOPES. Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
SINOPSE I
Jacó tinha um favoritismo por seu filho José. Tal prática prejudicou sua família e provocou dissensão entre os irmãos.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
QUEM ERA JOSÉ
“Décimo primeiro filho de Jacó, e primeiro filho com sua esposa favorita, Raquel, depois que sua irmã Leia já lhe havia dado seis filhos e uma filha. Estéril há muito tempo, e desejada de ter filhos, Raquel chamou seu primeiro filho de José, em hebraico yosep ou yehosep, que significa ‘Que Ele acrescente’; e como ela explica, ‘O Senhor me acrescente outro filho’ (Gn 30.24). José era o único filho de Raquel na época do retorno da região de Harã à Palestina e tornou-se o filho favorito de Jacó.
Quando Jacó foi ao encontro de Esaú, colocou Raquel e José no lugar mais seguro da caravana. Esse favoritismo é comentado em Gênesis 37.3 como consequência da idade avançada de seu pai. José era um pastor, assim como os seus irmãos, e provocou sua hostilidade ao relatar ao pai informações sobre a má conduta destes. Jacó demonstrou sua parcialidade dando ao filho um longo manto ornado com mangas (literalmente um manto especial).
É possível que aquele manto tivesse sido confeccionado sobre encomenda, com um tecido colorido […]. Esse presente indicava que Jacó pretendia fazer de José o seu principal herdeiro, e com isso, acirrou a ira de seus irmãos contra ele (Gn 37-4). Na fogueira do ódio de seus irmãos foi colocado mais lenha quando José relatou os dois sonhos que tivera, nos quais o Senhor havia lhe mostrado que ele seria o chefe de todos eles.
O ciúme dos irmãos os levou a tomar uma atitude contra ele. Quando José foi enviado para investigar as atividades de seus irmãos, encontrou-os em Dotã junto aos rebanhos. O plano deles era matar José (37.18,19), mas foram impedidos pelo irmão mais velho, Rúben, que desejava protegê-lo de qualquer mal (vv. 22-24.). Quando apareceu uma caravana de ism a elita s-m id ia n ita s em sua rota de Gileade até o Egito, os irmãos conceberam a ideia de se livrar dele e ainda com algum lucro. Venderam José aos mercadores e, insensivelmente, fizeram Jacó acreditar que ele havia sido morto por animais ferozes; para isso trouxerem de volta o manto de José, embebido de sangue de um cabrito” (Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.628).
II – O CIÚME COMO CAUSA DE CONFLITOS
1- A túnica: o símbolo do desprezo.
A vestimenta tradicional do povo antigo tinha, no máximo, duas cores, feita de fios de linho grosso. A “túnica colorida” de José o colocava em posição de destaque em relação aos outros filhos (Gn 37.3).
Isso corroborava o sentimento de predileção de Jacó por José. O ciúme derivado dessa má atitude do patriarca promoveu tristes consequências na família de Jacó.
COMENTÁRIOS
O texto de Gênesis 37.3 (NAA) diz: “Ora, Israel amava mais José do que todos os seus outros filhos, porque era filho da sua velhice; e mandou fazer para ele uma túnica talar de mangas compridas”.
A ausência de José no clã familiar de Jacó foi sentida por muito tempo, devido à mentira contada pelos irmãos de que o rapaz havia sido devorado por algum animal no campo. Tudo o que o velho pai tinha de lembrança de José era a “túnica” que dera ao filho, “a túnica de várias cores”.
Sabe-se que a vestimenta tradicional do povo antigo era no máximo de duas cores e feita de fios de linho grosso. Porém, os irmãos de José pouco se importavam com a “túnica”, porque o sentimento que prevalecia no coração desses homens era o sentimento de menosprezo da parte do pai. Na família de Jacó, havia algo mais forte que o veneno de cobra: o ciúme. O sentimento provocado pela má atitude de Jacó promoveu tristes consequências na família.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 53-54.
Fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas. Em lugar de “de mangas compridas”, algumas traduções dizem “de muitas cores”. Jerônimo ajunta que essa túnica chegava aos tornozelos. Mas alguns escritores judeus dizem até as palmas das mãos, dando a entender “mangas compridas”. Adam Clarke (in toe) supõe que se tratava de uma túnica branca com fímbrias púrpura, como a toga paetexta dos jovens romanos. O texto hebraico é obscuro, como é óbvio.
A arqueologia tem mostrado que longas túnicas coloridas eram uma marca dos cativos jebuseus. Parece que eram feitas com retalhos de várias cores. Outros pensam que essa túnica era mais do que uma peça especial do vestuário de José; pois, conforme explicam, Jacó tê-la-ia dado a José como emblema do oficio sacerdotal que José estaria destinado a exercer na família.
Talvez ele tenha assumido tal papel porque Rúben, o primogênito de Jacó, se havia desqualificado como primogênito por ter mantido relações sexuais com Bila, uma das concubinas de Jacó (Gên. 35.22; cf. Gên. 49.3 ss.). Mas essa interpretação é duvidosa, pois quem recebeu o direito de primogenitura foi Judá (0 que fica implícito em Gên. 49.8,9). Seja como for, a túnica era uma possessão precio- sa, algo que os irmãos de José invejavam nele, por ser um sinal do favoritismo de Jacó (vs, 4).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 235.
Jacó não apenas amava mais a José do que a seus irmãos, como também não fazia questão de esconder isso; tanto que ele fez questão de tornar público sua predileção por José ao presenteá-lo com uma túnica talar de mangas compridas.
C. Leupold diz que “essa túnica tinha mangas e se estendia até os tornozelos”. Charles Swindoll diz que, nos dias de José, a roupa de trabalho era uma túnica curta, sem mangas, a qual deixava os braços e as pernas livres para que os trabalhadores pudessem mover-se com facilidade. Essa túnica diferenciada era o emblema do amor de Jacó por José. Waltke diz que a tagarelice, a gabolice e a túnica ostensiva de José inflamaram ainda mais a ojeriza de seus irmãos contra ele.
LOPES. Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
2- Ciúme: o agente do conflito familiar.
Os irmãos de José sentiam -se ignorados pelo pai. Por outro lado, em razão de desfrutar do favoritismo do pai, José agiu com inexperiência, imaturidade e arrogância. Seus irmãos, com o orgulho ferido por causa da preferência paterna por José, não aceitavam sequer ouvir o filho preferido de Jacó. Por isso, encheram-se de rancor e ódio, desejando até mesmo acabar com a vida do irmão.
O ciúme é uma emoção que tem origem no egoísmo. É como uma infecção que se espalha no corpo doente. A inveja, o rancor e o ódio, geralmente, têm no ciúme o nascedouro, como o sábio Salomão declarou: “ […] o ciúme desperta o furor […]” (Pv 6.34). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo mostra que tudo 0 que provoca contenda e dissenções tem como origem a carne (1 Co 3.3). O ciúme é uma obra da carne.
COMENTÁRIOS
Inveja e ciúme são praticamente sinônimos, pois a inveja é a dor de não ter algo e se sentir o dono, enquanto o ciúme é a dor de ter algo, ter medo de perder. Ciúme é o medo de perder o afeto de alguém. Na história dos filhos de Jacó, o ciúme foi capaz de causar grandes danos na vida emocional da família. O ciúme contra José induziu os seus irmãos desejarem se ver livres do rapaz; o ódio alimentado pelo ciúme os levou a querer fazer o mal a José e tirá-lo do seu convívio.
Nos primórdios da Igreja, após a experiência do Pentecostes, a casta sacerdotal em Jerusalém demonstrava inveja e ciúme dos apóstolos porque eles operavam milagres e tinham a atenção do povo.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 55-56.
O Sábio e os Insensatos. O sábio Jacó reconheceu, instintiva e intuitivamente, que o sonho de José se revestia de magna importância. Jacó pouco disse, mas guardou o sonho em seu coração, como um tesouro. Grandes coisas estavam prestes a ocorrer. Os irmãos de José, em contraste com isso, diante de coisas momentosas que estavam às vésperas de acontecer, somente se incenderam mais ainda, permitindo que o ódio tomasse conta de seu coração. O homem espiritual e sensível é sábio. Os que são dominados pelo ódio são insensatos. No caminho deles há somente destruição. Jacó estava esperando para ser testemunha de grandes coisas. Seus filhos, insensatos que eram, não viam nenhuma grandeza, apenas planejavam tirar a vida de José.
“Deus confirmou a escolha de Jacó, através de seu filho fiel, por meio de dois sonhos. As revelações divinas eram dadas de diferentes formas no Antigo Testamento. Ele usava sonhos quando 0 Seu povo estava fora da Terra Prometida, isto é, estava em terras pagãs. Por meio de um sonho, Deus anunciou a Abraão a servidão egípcia de seus descendentes (Gên. 15.13). Por meio de um sonho, Deus prometera proteção e prosperidade a Jacó, em seu exílio no território de Labão (Gên. 28.12,15). E agora, por meio de dois sonhos, Deus predizia que José governaria a sua família” (Allen P. Ross, in loc.).
José estava prestes a entrar em um período de exílio, tal como sucedera a seu pai, Jacó, anos antes. Ambos esses homens de Deus foram encorajados por meio de sonhos, antes de seus respectivos exílios terem lugar.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 235-236.
O ciúme de seus irmãos (37.11)
Seus irmãos tinham ciúmes dele; o pai, no entanto, considerava o caso consigo mesmo (37.11). A virtude desperta mais inveja do que gratidão, e é mais fácil sentir inveja de quem anda corretamente do que seguir seus passos. Os irmãos de José, em vez de imitar seu exemplo, passaram a odiá-lo; e em vez de pedir a Deus discernimento acerca do que estava acontecendo, alimentaram sua alma com o absinto do ciúme. Vale destacar que esse ciúme doentio atingiu a todos os seus irmãos, de modo que ele passou a ser uma espécie de persona non grata entre eles.
O ciúme é um sentimento destrutivo. Concordo com Charles Swindoll quando diz que nenhuma reação é mais cruel do que o ciúme. Tal sentimento é duro como a sepultura (Ct 8.6), revela três sintomas: uma pessoa ciumenta vê o que não existe, aumenta o que existe e procura o que não quer achar. Em vez de olharem para José como o instrumento que Deus estava levantando para salvar sua família, viram-no como uma ameaça, e em vez de cuidarem dele, nutriam desejo de destruí-lo.
No meio dessa tempestade de ódio e ciúmes dentro de sua casa, Jacó ponderava essas coisas em seu coração, considerando o caso consigo mesmo. Mesmo não tendo discernimento acerca da natureza dos sonhos de José, Jacó entregava-se à reflexão sobre o que poderia ser isso. Com isso, o patriarca nos ensina que há momentos em que devemos nos calar e meditar, pois o silêncio é melhor do que a loquacidade frívola e a meditação, melhor do que palavrórios insensatos. Portanto, não tenha ciúmes de quem Deus está levantando e usando para cumprir Seus propósitos!
LOPES. Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
3- A extensão do ciúme.
Na presente lição, analisamos o ciúme na relação entre os irmãos, mas ele está presente em muitas outras relações. O ciúme pode trazer problemas para a vida conjugal, amizades sinceras e relacionamento profissional, etc.
Geralmente, onde o ciúme está presente existe mais desprazer e desgosto do que felicidade. No ambiente onde o ciúme domina, sobram desconfiança, insegurança, controle e posse. Embora todas as pessoas tenham ciúme, pois trata-se de uma emoção humana, a linha entre o ciúme controlado e o descontrolado é muito tênue.
COMENTÁRIOS
Uma de suas manifestações mais destruidoras da alma é a inveja, um mal que, como está implícito na etimologia da palavra grega, faz com que a pessoa seja consumida. Não se falou da inveja como o mal cujo encarniçamento nada pode apaziguar, “primogênita do inferno”? Não se alimenta dos vivos, sem cessar até que estão mortos? Não é caruncho dos ossos? (Pv 14:30). Cf. o que Paulo diz a respeito em outros lugares (1 Ti. 6:4; logo, Rm 1:29; Gl 5:21; Fp 1:15) e cf. Mt 27:18; Mc 15:10; Tg 4:5; e 1Pe 2:1.
Nossa palavra inveja vem do latim invideo, que significa “olhar contra”, isto é, olhar com má disposição a outra pessoa devido ao que é ou ao que tem. (O ciúme, bem se disse, tem medo de perder o que tem; a inveja sente ódio ao ver que outra pessoa tem algo. Assim, o Sr. Fulano tem ciúme de sua própria honra, e está invejoso da superior habilidade do Sr. Sicrano).
A inveja foi o que provocou o assassinato de Abel, lançou a José dentro da cisterna, fez com que Coré, Datã e Abirão se rebelassem contra Moisés e Arão, fez com que Saul perseguisse Davi, deu lugar às amargas palavras que o “irmão mais velho” (na parábola do filho pródigo) dirigiu a seu pai, e foi o que crucificou a Cristo. O amor não tem inveja (1Co 13:4).
HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Tito. 1 Ed 2001. Editora Cultura Cristã. pag. 122.
CIUMES
Ê estranho que o ciúme geralmente venha acompanhar um intenso amor entre as pessoas. Alguém já disse que o ciúme é o mau cheiro do amor. Seria assim mesmo? No hebraico temos a palavra qinah, «ciúme», «zelo», que figura por quarenta e uma vezes. Por exemplo: Núm. 5:14,15,18,25,29,30; Deu. 29:20; Eze. 8:3,5; 36:5,6; Zac. 1:14; 8:2. No Novo Testamento temos a palavra grega parazelóo, «ter muito ciúme», que ocorre por quatro vezes: Rom. 10:19 (citando Deu. 32:21); 11:11,14; I Cor. 10:22. Em Rom. 11:14, «emulação»; em I Cor. 10:22, «zelos».
A palavra hebraica envolvida salienta o rubor do rosto, uma espécie de ira reprimida, indicando ardor ou zelo, de forma positiva ou negativa. Tal palavra pode ser traduzida como «ardor», «zelo» ou «ciúme».
Ciúmes Positivo. O ciúme é um tipo de apreensão mental, quando a pessoa que o sente, sente estar sendo preterida por aquele que a ama, em favor de outrem. Seria o temor de ser substituído por um rival qualquer. Também envolve a atitude de ânsia e vigilância acerca daquilo que é considerado propriedade de quem tem ciúmes, como se essa pessoa ou objeto pudesse ser perdido ou prejudicado de alguma maneira.
No caso de Deus, o ciúme sempre é positivo, porquanto o rival é o reino do mal, que só pode prejudicar os amados do Senhor. Nesse caso, não temos a manifestação de um egoísmo insensato. Por isso as Escrituras afirmam que Deus é um Deus «zeloso» (Êxo. 20:5), razão pela qual ele quer que todos os seus mandamentos sejam cumpridos. O cumprimento dos mandamentos do Senhor é benéfico para aqueles que são amados por Deus.
O amor é a base do zelo ou ciúme de Deus. Em outras palavras, trata-se de uma forma de amor. Essa emoção do ciúme também pode ser experimentada pelos homens, e pode ser genuína, embora seja muito difícil distinguir onde o amor termina e o egoísmo começa. O apóstolo Paulo manifestou esse tipo de ciúme pelos, seus convertidos. Ver I Cor. 11:2.
Ciúmes Negativo. Esse tipo de ciúmes mistura o amor com o egoísmo. O critério de distinção deve ser o seguinte: sinto ciúmes porque temo que algo venha a prejudicar alguém a quem estimo, ou sinto ciúmes simplesmente porque não quero perder aquela pessoa ou coisa, com base em minha possessividade e egoísmo? Uma resposta bem pensada usualmente revela a existência desses dois elementos, que as emoções não conseguem separar adequadamente. Há casos em que o ciúme consiste em puro egoísmo. Um ciúme negativo foi que levou os irmãos de José a vendê-lo como escravo.
Não houve qualquer motivo altruísta por detrás do ato deles. José era o suposto rival deles, que roubava todo o afeto e atenção do pai deles. Simplesmente, queriam livrar-se dele. Anos mais tarde, quando se reuniram todos no Egito, eles não choraram? Ê possível que, desde o início, houvesse o sentimento de amor, mas este foi afogado pela emoção mais imperiosa do ciúme. Seja como for, é impressionante como o ciúme pode transformar-se, rapidamente, em puro ódio.
A razão para isso é simples: é mais fácil odiar do que continuar suportando mentalmente a forte emoção do ciúme. Acontece, portanto, que as pessoas que foram alvo do ciúme de outrem, acabam sendo o alvo do ódio dessa pessoa. O ciúme pode ser um sinônimo de «inveja». Porém, conforme já vimos, há um aspecto que pode ser positivo no ciúme, ao passo que a inveja sempre se manifesta como um sentimento negativo.
Uma Obra da Carne. Faz-nos pensar com sobriedade quando descobrimos que os ciúmes fazem parte da lista de vícios ou obras da carne, em Gálatas 5:19 e onde aparece a palavra grega zelos. Nesse caso, ciúmes é apenas um outro nome para egoísmo. Certamente envolve tanto o ódio quanto o ressentimento, levando a pessoa ciumenta a muitos atos desordenados. Mas tudo é feito na busca pelo conforto mental do indivíduo ciumento, e não visando ao bem da outra pessoa.
O irmão do filho pródigo teve ciúmes dele e isso foi o começo de suas dificuldades (Luc. 15:25-30). As atitudes mentais impróprias são pecados (Mat. 5:21-31), além de serem a inspiração que impulsiona atos pecaminosos. O ciúme e a inveja manifestam-se tão comumente entre os homens porque o ser humano é, essencialmente, um ser egocêntrico. Amar consiste em deixar de lado o egocentrismo. O amor não arde em ciúmes (I Cor. 13:5); não ultrapassa seus legítimos direitos. O amor tem origem divina (I João 4:8), pelo que o crescimento na espiritualidade é o antídoto para todas as modalidades de vicio humano.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pag. 756.
CIUME, (ardor, zelo, ciúmes; conflito, dissensão, contenda, ambição, egoísmo, rivalidade). O conceito está claramente presente em vários lugares onde o termo exato não é usado. Ambos os termos, hebraico e grego, referem-se à intensidade de emoções envolvidas, no caso do hebraico dando ênfase à mudança de cor na face. Em cada caso parece indicar um zelo ou ardor por algo que se acredita pertencer propriamente a alguém.
Ciúme correto ou divino. Ciúme é usado tanto de uma forma favorável ou apropriada deste ardor, quanto de uma forma imprópria. Quando diz respeito a honra e glória de Deus, por Deus ou pelo homem, é apropriado e correto. Assim, Deus é muitas vezes descrito como ciumento (ou zeloso) de sua honra, de seu santo nome. Ele deseja ardentemente que sua honra e posição, devidas, sejam preservados, que a adoração que lhe pertence seja dada a ele. A analogia frequentemente usada é a preocupação de um marido com o amor de sua esposa. Esta é uma expressão da santidade de Deus, a qual não suporta qualquer infidelidade. Assim como um marido não pode ser indulgente quanto ao adultério por parte de sua esposa, nenhuma infidelidade é suportada por Deus.
Era esta exclusividade de preocupação que foi a base da grande ênfase na adoração monoteísta entre os judeus. Por Yahweh ser o único Deus verdadeiro, somente ele merece a adoração e devoção do homem. Isto motivou a proibição de casamentos mistos com as nações pagãs ao redor de Israel, para que estes não se afastassem da adoração exclusiva ao único Deus verdadeiro. Um exemplo do ciúme (zelo) de Deus no AT é encontrado em Êxodo 32, onde Deus se irou pelo fato de os israelitas terem adorado o bezerro de ouro. Herodes foi morto porque não rejeitou a atribuição de deidade que lhe deram (At 12.21-23).
Igualmente, esta exclusividade é refletida nos ensinamentos de Jesus: ”Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14.6). “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37). Para descobrir se um seguidor em potencial realmente estava lhe dando sua supremacia, Jesus testava esta pessoa, como quando pediu ao jovem rico para vender tudo o que tinha, vir e segui-lo. Pois Jesus, assim como o Pai, é o único Deus verdadeiro e, por ser o único mediador, ele pôde exercer justamente este ciúme (zelo).
Deus também tem ciúmes de seu povo. Ele se identifica com eles e os guarda (Zc 2.8; Mt 6.28-33).
A preocupação pelo que é devido a Deus também é encontrada no homem. Elias falou de seu zelo pelo Senhor dos Exércitos em relação à disputa com Baal no Monte Carmelo (lRs 19.14). Ele havia organizado uma demonstração para provar que somente Yahweh era Deus. Uma motivação semelhante, embora sob circunstâncias diferentes, foi mostrada por Paulo e Bamabé, quando os homens de Listra tentaram adorá-los como deuses (At 14.8-18).
Ciúme impróprio. Um outro significado ou aplicação da palavra e do conceito de ciúmes é negativo em seu efeito e fortemente condenado por Deus. E a preocupação excessiva de alguém por si mesmo, e por quais caprichos e desejos sejam os seus. Também pode envolver o ressentimento pela boa sorte do outro. E um egocentrismo ou obsessão possessiva desmedida. Pode significar uma exigência absurda sobre uma outra pessoa, como um colega, mais do que seja o dever justo de uma pessoa — requerer única e total atenção, por exemplo.
Os exemplos bíblicos deste tipo de ciúme são abundantes, apesar de não serem sempre assim chamados. Os irmãos de José se ressentiam do favor especial demonstrado por Jacó a ele, simbolizado pela capa extraordinária (Gn 37.3,4). O rei Saul se indignou ao ouvir as mulheres cantarem “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares” (1Sm 18.6-9). No NT, o irmão mais velho reclamou da injustiça de se ter feito uma celebração ao filho pródigo, enquanto que a ele nunca foi oferecido tal privilégio (Lc 15.25-30).
O ciúme, que envolve um sentimento interior impróprio por outra pessoa, é um pecado em si mesmo, pois Jesus disse que pensamentos e atitudes constituem pecado, ainda que sem atos visíveis (Mt 5.21-31). Este ciúme é geralmente o motivo de ações pecaminosas. Os irmãos de José planejaram assassiná-lo e terminaram por vendê-lo como escravo. Saul tentou matar a Davi, arremessando sua lança nele. O filho mais velho se recusou a participar na celebração do retomo do mais moço.
Não é surpreendente que o ciúme seja tão predominante no homem. O homem natural é egocêntrico e resiste a tudo que diminua seu próprio prazer e engrandecimento. Por ser finito, o homem também é inseguro e, assim, é ameaçado por qualquer coisa que seja competitiva a ele. O antídoto para o ciúme é o perfeito amor. Porque o amor não procura os seus próprios interesses (1 Co 13.5), não vai além de suas justas reivindicações. As Escrituras ensinam que este amor é de origem divina e, consequentemente, deve vir de cima. Somente a renovação progressiva da natureza humana pode sobrepujar a tendência humana ao ciúme.
Distinção entre os dois. Um problema se levanta quando estas duas variedades de ciúmes são comparadas. Se o segundo tipo de ciúme é errado para o homem, então não é o primeiro tipo também errado para Deus? Não é Deus culpado da mesma coisa que condena no homem, ou seja, a preocupação egocêntrica por seus próprios direitos?
Parte da solução está em reconhecer que a descrição de Deus como ciumento é um antropomorfismo e, consequentemente, o ciúme de Deus não é idêntico ao do homem. Deus não deve ser retratado como fervilhando de raiva pelas injustiças cometidas contra ele. Seu ciúme não se origina na insegurança ou ansiedade.
Entretanto, uma distinção entre as duas variedades, própria e imprópria, deste ardor, se encontra no objeto do zelo. Devido ao segundo tipo estar ocupado com a prosperidade de um objeto de valor finito, o homem, este não é justificado. Por ser Deus maior que todas as coisas, entretanto, tudo é legalmente seu, e o zelo para que tudo esteja organizado é correto. De fato, seria errado para Deus não impor seus direitos. A preocupação do homem por suas próprias possessões e honra seria correta somente se este fosse Deus, pois então estas coisas seriam legalmente suas.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1071-1072.
SINOPSE II
Na família de Jacó podemos constatar que o ciúme é um a obra da carne e, quando cultivado, prejudica muito os relacionamentos humanos.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
AS CONSEQUÊNCIAS DO FAVORITISMO E DO CIÚME
“Nos dias de José, todos possuíam uma túnica ou manto. As túnicas eram usadas para aquecer as pessoas, carregar pertences em uma viagem, enrolar bebês, servir de assento ou até mesmo para servir como seguro de um empréstimo. A maioria das túnicas ia até os joelhos, possuía mangas curtas e era apenas de uma cor. Em contraste, a túnica de José era provavelmente do tipo utilizado pela realeza — mangas longas, medindo até a altura dos tornozelos e colorida.
A túnica tornara-se símbolo do favoritismo de Jacó por José, o que agravou as relações já estremecidas entre José e seus irmãos […]. Poderia o ciúme fazer você sentir vontade de matar alguém? Antes de responder: ‘Claro que não’, veja o que aconteceu nessa história. Dez homens estavam dispostos a matar o irmão mais jovem por causa de uma túnica e alguns sonhos divulgados. Seu profundo ciúme havia se tornado em ira, cegando-os completamente para o que era certo.
Pode ser difícil reconhecer o ciúme quando as nossas razões parecem ter sentido, mas quando não o fazemos, o ciúme cresce rapidamente e leva a sérios pecados. Quanto mais o sentimento de inveja é cultivado, mais difícil se torna livrar-se dele. O momento certo para lidar com o ciúme é quando você se apanha comparando-se com os outros” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.62).
III – OS MALES DO CIÚME
1- O ciúme pode causar tragédias familiares.
Não são poucas as notícias de tragédias conjugais em que o ciúme é a causa. Não são poucos os casos em que pessoas prejudicam as outras por causa do ciúme.
Não foi diferente no tempo de Jesus, em que a casta sacerdotal ficou enciumada e invejosa por causa da extensão do ministério terreno do nosso Salvador (Mc 15.10).
COMENTÁRIOS
O problema do ciúme na vida conjugal
Vários são os problemas que criam os conflitos dentro de um lar.
O desentendimento conjugal pode ser provocado por razões várias, como: temperamentos distintos, formação familiar diferente, dívidas sem controle, tratamento grosseiro das partes e desconfiança entre os cônjuges. Neste último item, percebe-se que uma das principais causas de conflito conjugal é quando o casal vive sob a desconfiança um do outro. Por exemplo, o ciúme, por ser um sentimento de caráter emocional pode acarretar muitos males para a vida cotidiana do casal. O medo de perder o afeto do outro faz com pensamentos doentios sejam capazes de confundir realidades com suposições. O autor de Provérbios 27.4 declara que: “Cruel é o furor e a impetuosa ira, mas quem parará perante o ciúme?” (BKJ).
Como pastor de famílias, tenho visto muitos casamentos desmoronarem por causa do ciúme. Nos lares, até mesmos cristãos, quando o ciúme surge da parte de um dos cônjuges, pode terminar em violência, separação e ofensas mútuas.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 57.
A inveja é muito perigosa – Cruel é o furor, e impetuosa, a ira, mas quem pode resistir à inveja? (Pv 27.4). Furor, ira e inveja compõem uma tríade perigosa. O furor é uma ira descontrolada. A ira é pesada como a pedra. Mas à inveja ninguém pode resistir. O que é inveja? E um sentimento subterrâneo, muitas vezes não expresso em palavras, mas nutrido no coração.
E a insatisfação crônica com o que se tem e a cobiça veemente do que se não tem. O invejoso não se alegra com o que possui, mas se entristece por não ter o que é do outro. O invejoso quer ser como o outro, ocupar o lugar do outro e possuir o que é do outro. O invejoso é um mal-agradecido. Não valoriza o que tem, porque cobiça sempre o que não tem. E um eterno insatisfeito com a vida, porque vive olhando por cima do muro, cobiçando o que pertence ao outro, e nunca se alegra com seus dotes nem com suas posses.
Em vez de se sentir feliz pelo que tem, sente-se infeliz pelo que o outro tem. Em vez de agradecer pelo que recebeu, aborrece-se pelo que não recebeu. O invejoso é um indivíduo insatisfeito com a vida e rebelde com relação a Deus. E uma ameaça a si mesmo e um perigo às pessoas à sua volta. O furor é cruel, e a ira é impetuosa, mas a inveja é insuportável. O invejoso é uma pessoa intragável, e sua inveja é mais pesada do que a pedra, mais violenta do que a fúria e mais avassaladora do que a ira.
LOPES. Hernandes Dias. Provérbios, Manual de sabedoria para a vida. Editora Hagnos. pag. 546.
A essas emoções insuportáveis, o verseto B acrescenta a inveja (veja 3.31; 6.34; 14.30) como uma emoção ainda mais intolerável e danosa. Ao acrescentar esses dois “acompanhantes” da ira, crueldade e torrentes (šeṭep), o verseto A combina a crueldade inexorável, inclemente e empedernida da ira com a destruição irresistível que ela desencadeia sobre aquele que a suscita. As outras seis ocorrências de šeṭep indicam uma inundação destruidora e esmagadora ou uma torrente (Jó 38.25; Sl 32.6; Dn 9.26; 11.22; Na 1.8). A metáfora retrata a ira como uma força espiritual destruidora, irracional e violenta.
Mas a ira – ao contrário da inveja – pode ser resistida. Balaão profetizou contra Moabe apesar da ira de Balaque (Nm 23.10), mas Davi fugiu da inveja de Saul (1Sm 18.9). O pronome retórico quem declara enfaticamente que ninguém pode resistir (ya‛amōd; 12.7; 25.6); ‛āmad com antes, “descreve mais precisamente o comportamento de servos em pé diante de seus senhores para receber ordens”. O provérbio equipara a pessoa que suscita a inveja a um servo que é varrido para longe da presença de seu senhor (cp. 6.34, 35; 16.14; 17.14)
Bruce K. Waltke. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 1 & 2. Editora Cultura Cristã.
2- O ciúme entre os santos de Deus.
Se, de maneira geral, o ciúme obsessivo surge da parte de um dos cônjuges, terminando quase sempre em violência, separação e ofensas mútuas, infelizmente, entre os santos de Deus, o ciúme também pode minar as relações de pessoas que outrora eram próximas.
Assim, por ciúmes, se calunia, difama e ofende o irmão em Cristo ou um colega de ministério. Que o Espírito Santo guarde os nossos corações, de modo que produzam o fruto do amor, e “ não sejamos cobiçosos de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros” (Gl 5.26).
COMENTÁRIOS
O problema do ciúme no ministério cristão
Como nas castas sacerdotais dos primórdios da Igreja a inveja e o ciúme eram uma realidade, também no ministério cristão esses sentimentos, ainda, são devastadores. A inveja e o ciúme surgem através de pessoas que se permitem ser dominadas por esses sentimentos negativos. Aqueles que são assim tornam-se contra as pessoas que se destacam ministerialmente, por desejarem o lugar dessas pessoas, alguns chegam a caluniar, difamar e ofender o seu colega de ministério.
O medo de perder o afeto do outro faz com que pensamentos doentios sejam capazes de confundir realidades com suposições.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 58.
O narcisismo não tem lugar na vida que é cheia do Espírito (5.26). Qualquer promoção própria deforma o corpo de Cristo e lança a contribuição sincera dos outros como uma pobre luz (1Co 12). Esta “imagem falsa”, por sua vez, incita outros a uma ambição carnal e a um ciúme insignificante.
O fracasso de um tende a envolver a todos (1Co 5.6; G1 5.9).
Como pentecostais temos feito um bom trabalho ao enfatizar os dons do Espírito. A importância do fruto do Espírito merece ainda mais atenção. Os coríntios estavam ansiosos para experimentarem o poder carismático do Espírito Santo, contudo, estavam cheios de ambição e discórdias carnais (1Co 3-1-3). A Escritura insiste que os crentes serão conhecidos por seu fruto, não por seus dons (Mt 7.17-19; 12.33; Lc 6.43,44).
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1183-1184.
“Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros” (5.26). O orgulho e a inveja são obras da carne e não fruto do Espírito. Esses pecados são, portanto, incompatíveis na vida do salvo.
Dos muitos males existentes em nossa sociedade e, particularmente, na igreja, a ambição é a mãe de todos eles.
Por isso, Paulo exorta a nos precavermos desse erro, pois a kenodoxia, “vanglória”, nada mais é do que a ambição ou o anelo por honras, por meio dos quais cada pessoa deseja exceder as demais. A palavra refere-se a uma pessoa que sabe como tentar conseguir um respeito ao qual não faz jus, e demonstra, por suas ações, conversa fiada, vanglória e ambição.530 Entre os crentes, aquele que deseja glória humana se aparta da verdadeira glória. Não é lícito nos gloriarmos, exceto em Deus. Qualquer tipo de glória é pura vaidade. Provocar uns aos outros e ter inveja uns dos outros são atitudes filhas da ambição.
LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 252.
3- Vencendo o ciúme.
Em primeiro lugar é preciso alimentar a mente com as coisas de Deus (Fp 4.8). O que pensam os e o que está em nosso coração determinam as nossas ações (Pv 4.23). Em segundo lugar, é muito importante saber se a emoção do ciúme está impactando e comprometendo a qualidade de vida.
Se a constatação for afirmativa, é importante procurar a ajuda pastoral que, com base na Palavra, aconselhar com sabedoria. E, finalmente, considere com muita atenção o que o apóstolo Paulo ensinou a respeito do amor: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece” (1Co 13.4). A Palavra de Deus ainda é o melhor antídoto para tratar as emoções negativas.
COMENTÁRIOS
Como o amor é muito importante entre os crentes, Paulo fez uma descrição detalhada.
Como esse amor se manifesta na vida dos crentes? Em primeiro lugar, a caridade (ou amor) é sofredora (aqui com o sentido de paciência), o oposto da falta de moderação. A paciência (às vezes traduzida como “tolerância” ou “dificuldade de se zangar”) é um atributo de Deus (veja Êx 34.6; Nm 14.18; Rm 2.4; 1Pe 3.20). Em muitas ocasiões, o povo de Deus precisou ser paciente (veja, por exemplo, Ef 4.2; Cl 3.12; 1Ts 5.14). A paciência (ou longanimidade) faz parte do fruto do Espírito (Gl 5.22). Esse amor suporta certos aborrecimentos ou inconveniências sem se queixar, não se irrita quando é provocado, e persevera firmemente.
A caridade (ou amor) também é benigna.
A benignidade toma a iniciativa ao responder generosamente às necessidades dos outros. Os Salmos e os escritos dos profetas falam muito sobre a benignidade de Deus (SI 18.50; Is 54.8; Jr 9.24). Como os crentes receberam a benignidade da parte do Senhor, eles devem agir com benignidade em relação aos outros.
Esse amor é atencioso e está sempre disposto a ajudar os outros. O benigno amor é gentil e suave, e está sempre pronto a mostrar compaixão, especialmente aos necessitados.
A caridade (ou amor) não é invejosa. A pessoa invejosa deseja aquilo que é dos outros.
Parece que esse era um problema particular em Corinto – aqueles que tinham dons “menores” invejavam os que tinham dons “maiores”. A semente da inveja pode levar à ira e ao ódio.
Aqueles que ficam muito ocupados invejando os dons dos outros provavelmente não irão usar os seus próprios dons pata prestar um atencioso serviço ao próximo e a Deus.
Quando existe amor, os crentes utilizarão com toda a boa vontade quaisquer dons que possam ter recebido, a fim de trabalharem juntos para o progresso do Reino de Deus.
Eles ficarão felizes pelo fato de outros terem dons diferentes, porque assim todo o trabalho poderá ser feito.
A caridade (ou amor) não trata com leviandade, não se ensoberbece. Embora alguns crentes possam ter algum problema com a inveja, aqueles que têm “dons maiores” poderão enfrentar o problema do orgulho ou da soberba. Parece, novamente, que isso tinha sido um problema em Corinto. Embora um pouco de orgulho possa ser algo utilizado de uma forma positiva, o tipo de orgulho ou soberba descrito aqui julga-se merecedor de um crédito indevido. Os crentes capacitados que receberam dons do Senhor, mas que se deixam dominar pelo orgulho e se tornam convencidos dos seus dons, são incapazes servir. Estando desprovidos do amor, estes podem pensar que utilizar os seus dons significa prestar um favor a alguém, que os outros devem ser gratos a eles, e que eles são muito superiores aos demais.
O amor não se porta com indecência.
Isso refere-se aos atos que são impróprios, indecentes, descorteses, indelicados, e grosseiros. Os crentes que usam os seus dons com amor serão cuidadosos, a fim de agirem de maneira digna da sua vocação na presença de Deus. Eles nunca humilharão os outros.
Isso também pode ter sido um problema em Corinto, especialmente nos cultos de adoração (veja 11.2-16).
O amor não busca os seus interesses.
O amor preocupa-se com os outros, procura atender os interesses das outras pessoas, e, de bom grado, desiste dos seus próprios interesses em benefício do próximo. A pessoa que sempre busca os seus próprios interesses pode usar os seus dons, mas sem a disposição de servir, ou sem o desejo de edificar o Reino.
Ela só usará os seus dons se estes, de alguma forma, representarem benefícios para si mesma. Mas essa não é a vontade de Deus.
Por causa do amor, os crentes usam os seus dons primeiro em benefício dos outros, sem deixar que desejos “egoístas” os atrapalhem.
O amor não se irrita, isto é, não fica zangado ou aborrecido com facilidade. As pessoas que se iram ou se aborrecem facilmente deixam que as contrariedades mexam com os seus nervos. Um crente, no processo de exercer os seus dons, pode irritar outros crentes. Esses crentes “facilmente irritáveis” podem não gostar do estilo ou da maneira pela qual os outros crentes exercem os seus dons, mas essa não é a verdadeira expressão do amor.
Quando os crentes colocam os seus dons em prática com amor, eles se tornam capazes de proporcionar aos outros algum espaço para seguirem a Deus como melhor lhes aprouver.
Eles não serão facilmente provocados pelos desacordos, mas estarão sempre dispostos a responder de uma forma gentil.
O amor não suspeita mal (não guarda mágoas). Algumas pessoas lembram-se de cada ofensa sofrida como se ela estivesse registrada e etiquetada em um livro. Essas “ofensas” ou “mágoas” não representam pecados que precisam ser tratados diante da congregação (como o caso descrito no capítulo 5), sendo apenas ofensas ou mal-entendidos sem importância que podem acontecer entre os crentes. Aqueles que guardam registro dessas ofensas e das agressões pessoais irão abrigar ressentimentos contra outros crentes. O amor, entretanto, é tolerante com as fraquezas e os defeitos das pessoas e, de bom grado, esquece quando as ofensas são cometidas. Isso libera todos os crentes para crescer e amadurecer em Cristo e para aumentar a sua capacidade de servir e de usar os seus dons. Quando os erros são cometidos, o amor é capaz de omiti-los e de permitir que os crentes continuem a servir com os dons que receberam do Senhor. Deus não mantém um registro dos erros dos crentes (2 Co 5.19).
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 164-166.
Estes versos dão as características do amor em quinze breves declarações. Não é difícil vê-las como uma caracterização de ambos, Jesus e o Pai. O amor:
1) “E sofredor” ou, como em algumas traduções “é paciente”, especialmente no que se refere às pessoas. “Compassivo” é uma tradução mais antiga que está próxima da etimologia da palavra grega; sustenta a ideia de estar “longe da ira” (Martin, 47) ou de ter “domínio próprio” (Lim, 118). Esta virtude é que suporta os danos pessoais sem o pensamento de vingança (veja Rm 2.4; 1Pe 3-20; 2 Pe 3.9,15). É uma característica ou aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22,23).
2) “É benigno” — outro aspecto do fruto do Espírito. A paciência é interior; a benignidade é exterior (veja Rm 2.4; 11.22; 2 Co 6.6; Cl 3.12).
3) “Não é invejoso”. O significado negativo do verbo é mostrado aqui, envolvendo a ideia de ciúme.
4) “Não trata com leviandade”. BAGD sugere que o significado desta expressão seja “comportar-se como uma pessoa orgulhosa que não para de falar” (653).
5) “Não se ensoberbece”. A ideia é de arrogância, de tornar-se presunçoso e extravagante (veja 4.6, 18,19; 5.2; 8.1).
6) “Não se porta com indecência”. Não se comporta de modo vexatório, indesejável, indecente” (BAGD, 119); a única outra ocorrência, no Novo Testamento, da palavra grega usada aqui está em 1Co 7.36 com o sentido de agir impropriamente. O significado oposto, usando a mesma raiz do verbo, ocorre na forma adverbial em 14.40, “faça- se tudo decentemente e com ordem”.
7) “Não busca os seus interesses” (literalmente, “não busca suas próprias coisas”). Pode ser entendido como insistir naquilo que lhe interessa ou ser egoísta (Morris, 180).
8) “Não se irrita”. O termo “facilmente” (NIV) não consta no texto grego. Corretamente compreendida, a ira de per si não está errada (Ef 4.26). A ideia aqui é de hipersensibilidade ou irritabilidade (veja Atos 15.39).
9) “Não suspeita mal” ou, como em algumas traduções, “não guarda rancor”. O amor não mantém uma lista de danos pessoais infligidos por outra pessoa, com a intenção de pagar na mesma moeda. A frase grega usada aqui é encontrada em Zacarias 8.17 (LXX), onde existe a ideia de conspirar ou tramar algo mal.
10) “Não folga [regozija] com a injustiça”. O amor não julga questões que dizem respeito aos eixos alheios, e a justiça própria daquele que ama não o coloca acima daquele que é mal.
11) “Folga com a verdade” (o lado positivo da declaração precedente). Uma tradução sugerida é “o amor une [as pessoas] na alegria pela verdade” (Barrett, 298; Martin, 63). A verdade e a injustiça são posicionadas uma contra a outra em diversas passagens (2Ts 2.10,12). A verdade é mais do que declarações propostas sobre a fé cristã. No contexto presente, em contraste com a injustiça, ele fala de uma conduta íntegra, que consiste em viver conforme “a verdade” (Jo 3.21). Na análise final, a verdade é o próprio Senhor Jesus (Jo 14.6).
12) “Tudo sofre” ou, como em algumas traduções, “é sempre protetor”. O verbo grego stego, usado aqui, pode significar cobrir, tolerar, manter de modo confidencial (BAGD, 705-66). BAGD sugere que esta declaração fala do “amor que suporta em silêncio o que é desagradável em outra pessoa” (766). Um segundo significado do verbo é suportar, sofrer, tolerar, e é preferido por alguns.
13) “Tudo crê” ou, como em algumas traduções, “sempre confia”. O amor acredita no melhor, não no pior, sobre as pessoas e suas ações. Isto não sugere uma cegueira seletiva para com os pecados e culpas dos outros, mas traz a cautela contra uma atitude de censura aos outros.
14) “Tudo espera”. Em relação aos fracassos dos outros, o amor é otimista, esperando que tais pessoas, em última instância, superem suas deficiências. No Novo Testamento, o termo “esperança” não contém, como no inglês e no português contemporâneo, um elemento de dúvida. Fé/confiança e esperança são termos relacionados. A esperança pode ser considerada como a fé no futuro.
15) “Tudo suporta” ou, como em algumas traduções, “sempre persevera”. Esta característica está relacionada à primeira da série, que diz que o amor é sofredor ou paciente. Uma distinção da palavra usada aqui é que implica ativamente suportar as circunstâncias, ao invés de renunciar à tolerância para com os demais.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1022-1023
O amor é paciente e é benigno, o amor não é ciumento, o amor não é jactancioso, não é arrogante.
Alguns tradutores usam uma pontuação distinta pela qual dividem a primeira oração e fazem com que o substantivo amor seja sujeito da segunda oração: «A caridade é paciente, a caridade é benigna, não tem inveja» (CI). Contudo, a pontuação não afeta o significado do versículo 4.
«O amor é paciente». O verbo grego que traduzimos «é paciente» realmente quer dizer ser clemente com as ofensas e injúrias que outros nos fazem. Significa que alguém é lento para a vingança o lento para zangar-se. Demonstra a determinação a ser longânimo com os aspectos desagradáveis do caráter de uma pessoa e a exibir paciência que suporta. Assim como Deus é paciente conosco, nós também devemos ser tolerantes com o próximo (cf. Mt 18:26, 29).
«[O amor] é benigno». O verbo ser benigno só ocorre aqui no Novo Testamento.20 Clemente de Roma escreveu uma epístola à igreja de Corinto, na qual cita um dito de Jesus que contém o mesmo verbo: «como usardes de benignidade, assim a usarão convosco».21 O substantivo benignidade aparece repetidamente nas epístolas de Paulo.
Por exemplo, depois de colocar o amor como o primeiro fruto do Espírito, Paulo menciona a paciência e a benignidade (Gl. 5:22).
«O amor não é ciumento». O ciúme é um vício ao qual ainda atribuímos uma cor: o verde. Sabemos que quando alguém fica verde pelo ciúme, aproxima-se um problema. A Bíblia está cheia de exemplos que mostram os efeitos desastrosos que o ciúme tem nas relações pessoais. Mencionemos alguns: Caim teve inveja de Abel, e o matou (Gn 4:3-8); os filhos de Jacó tiveram ciúme de José, e o venderam como escravo (Gn 37:11, 28); o sumo sacerdote e seu séquito se encheram de ciúme, e encarceraram os apóstolos (At 5:17, 18); e os judeus ficaram ciumentos de Paulo e Barnabé, e os expulsaram de Antioquia da Pisídia (At 13:45-50).
Pode-se derivar um sentido positivo da palavra «ciúme», se se conceber como o desejo de proteger a honra pessoal. Por exemplo, Deus é um Deus zeloso, que ordena Seu povo a adorar somente a Ele (Êx 20:5; Dt 5:9). Porém no presente versículo, o ciúme é um vício que é o oposto ao amor. Pelo contrário, o amor está livre de inveja.
«O amor não é jactancioso». Paulo usa um verbo que descreve uma pessoa que é jactanciosa ou fanfarrona.22 Este tipo de gente faz estardalhaço de sua retórica para conseguir reconhecimento. Sua conduta está marcada pelo egoísmo, uma atitude servil para com seus superiores e condescendente para com seus subordinados. Um fanfarrão mostra que está orgulhoso de si mesmo e de suas realizações. Mas tal alarde carece de amor a Deus e ao próximo, sendo um pecado grosseiro. Além disso, a jactância e a arrogância andam juntas.
«[O amor] não é arrogante». Num contexto anterior, Paulo aconselhou aos coríntios: «que … aprendam a não ir além do que está escrito, para que assim ninguém se torne arrogante, preferindo mais a um que a outro» (1Co 4:6). Instruiu-lhes a que obedecessem o ensino da Escritura, porque então poderão evitar a arrogância. Por certo, alguns dos coríntios eram arrogantes e, pensando que Paulo não retornaria a Corinto, minavam sua autoridade (1Co 4:18, 19; 5:2). Muitos estavam orgulhosos de seus conhecimentos. Mas Paulo os corrige, dizendo: «o conhecimento infla, mas o amor edifica» (1Co 8:1). Além do amor, o conhecimento degenera em arrogância detestável. Com o amor, é uma possessão valiosa. A arrogância é egoísmo inchado, enquanto o amor é humildade genuína. A arrogância está desprovida de amor e o amor não tem arrogância. De fato, excluem-se mutuamente.
Simon J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pag. 653-655.
SINOPSE III
O ciúme obsessivo quase sempre resulta em violência, separação e ofensas mútuas no casamento. Ele mina também as relações de amigos e irmãos.
CONCLUSÃO
O ardor emocional denominado “ciúme” deve ser impedido de prosseguir seu caminho de destruição moral, física e espiritual. O apóstolo Paulo aconselha-nos a que andemos dignamente e evitemos contendas e ciúmes (Rm 13.13).
O único modo de deter o poder destrutivo do ciúme é desenvolver o “fruto do Espírito” (G1 5.22). Este desenvolve a nossa alma para a prática das virtudes cristãs e, ao mesmo tempo, enfraquece as emoções humanas provenientes dos vícios da alma.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- O que lemos em Gênesis 37.3?
“E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores” (Gn 37.3).
2- Como os irmãos de José entenderam os seus sonhos de caráter profético?
Os irmãos de José entenderam os sonhos como uma atitude presunçosa da parte de José.
3- Em que posição a túnica colorida colocava José?
A túnica colorida colocava José em posição de destaque em relação aos seus irmãos.
4- O que sobra num ambiente dominado pelo ciúme?
No ambiente onde o ciúme domina sobra desconfiança, insegurança, controle e posse.
5- Qual é o melhor antídoto para tratar as emoções negativas?
A Palavra de Deus é o melhor antídoto para tratar as emoções negativas.
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Subsídio Lição 03 - Revista Lições Bíblicas CPAD - 2º Trimestre de 2023
Descrição
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Tema: Relacionamentos em Família - Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus
Comentarista: Elienai Cabral
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Tema: Relacionamentos em Família - Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus
Comentarista: Elienai Cabral