Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas. (Fp 2.14)
VERDADE PRÁTICA
Das murmurações derivam as contendas. Por isso, devemos evitá-las em nossa família.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – 1 Sm 15.23 – A rebelião é como o pecado de feitiçaria
Terça – 1 Co 10.10 – A murmuração faz a família perecer
Quarta – Sl 31.13 – A murmuração é o combustível do conluio
Quinta – At 6.1 – A murmuração nos primórdios da Igreja
Sexta – Fp 2.14 – Fazendo todas as coisas sem murmuração
Sábado – 1 Co 3.3 – Paulo repreendeu a inveja entre os irmãos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Números 11.1-7; 12.1-8
Números 11
1 – E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Senhor; porque o Senhor ouviu-o, e a sua ira se acendeu, e o fogo do Senhor ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial.
2 – Então o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou.
3 – Pelo que chamou aquele lugar Taberá, porquanto o fogo do Senhor se acendera entre eles.
4 – E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e disseram: Quem nos dará carne a comer?
5 – Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos.
6 – Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos.
7 – E era o maná como semente de coentro, e a sua cor como a cc
Números 12
1 – E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuxita, que tomara; porquanto tinha tomado a mulher cuxita.
2 – E disseram: Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu.
3 – E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.
4- E logo o SENHOR disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três.
5 – Então, o SENHOR desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã, e eles saíram ambos.
6 – E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer ou em sonhos falarei com ele.
7 – Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa.
8 – Boca a boca falo com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
A insurreição de Miriã e Arão à liderança de Moisés é um exemplo perfeito para aprofundar o estudo de algumas causas de desunião e contendas na família até os dias de hoje. Deus nos criou para a comunhão. Dessa forma, a família, como o primeiro e principal meio social humano, deve ser um ambiente seguro de cooperação e valorização das potencialidades e papéis individuais.
Entretanto, como as Escrituras nos mostram desde a Queda, a primeira família já foi marcada por uma inveja tão corrosiva que culminou em assassinato. Não por acaso, o Senhor trata com tamanho rigor a murmuração de Miriã. Essa atitude foi usada contra o casamento de Moisés com uma midianita, para atacar o irmão, secretamente invejado. Por meio desse estudo, vamos nos munir da sabedoria para que tais mazelas não adoeçam nossos lares, como a contagiosa lepra que acometeu a Miriã.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Apresentar as raízes e danos causados pela murmuração entre o povo de Deus;
II) Identificar o real motivo que culminou a rebelião dos irmãos contra Moisés;
III) Conscientizar de que Deus honra o líder manso e humilde, punindo os que lhe intentam o mal.
B) Motivação: Como proteger a nossa casa dos males impregnados em nossa cultura e sociedade, tais como: a murmuração, inveja, disputa e rebelião? Quantas vezes, sem nem mesmo perceberem, os pais instigam os filhos à rivalidade, utilizando a comparação como: “Por que você não é obediente como o seu irmão?” Por meio desse estudo, propomos a anatomia desse clássico episódio familiar a fim de aprendermos a identificar e a combater traços tão comuns à nossa cultura que, se não vigiarmos, poderão entrar em nossos lares, causando grandes mazelas e rupturas familiares.
C) Sugestão de Método: Leve alguns dicionários e distribua-os entre voluntários dispostos a ler em alta voz.
No decorrer da aula, de acordo com o tópico, peça que abram na página correspondente (previamente marcada por você para otimizar o tempo) e leiam o significado de palavras-chaves da lição, como por exemplo: Murmuração; insatisfação; insurreição, ciúme, inveja, manso, humilde e/ou qual mais julgar pertinente para ampliar e fixar o entendimento dos objetivos propostos.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A falta de gratidão e insatisfação constante por muitas vezes são sintomas de um problema oculto no interior do murmurador. Que saibamos identificar as causas e consequências desse mal, vigiando para que o nosso lar seja um ambiente de paz, no qual cada papel desempenhado no seio da família seja respeitado e apoiado mutuamente, como tão sabiamente o apóstolo Paulo aconselhou aos pais, filhos, esposas e maridos, quanto aos deveres domésticos (Ef 5.22-33; 6.1-4).
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 93, p. 38, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “O Pecado de Miriã e Arão”, localizado ao final do primeiro tópico, aprofunda o contexto e a motivação por trás das críticas e insurreição dos irmãos contra Moisés; 2) O texto “A inveja causa a rebelião”, localizado depois do segundo tópico, elenca emblemáticos exemplos nos quais este terrível sentimento corrompeu corações e continua no âmago de uma infinidade de problemas pessoais, familiares e sociais.
HINOS SUGERIDOS: 121, 232, 474 da Harpa Cristã
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
Nesta lição, estudaremos o motim formado por Miriã e Arão contra a liderança de Moisés. Veremos que esse motim foi em família, pois Moisés, Miriã e Arão eram irmãos.
A presente lição nos exorta a respeito do cuidado com as murmurações e as contendas na família, que contribuem com a desarmonia familiar. Por isso, aprenderemos que é prudente evitar as contendas familiares para que a paz e a harmonia reinem entre os santos.
COMENTÁRIO
A palavra “motim” sugere a ideia de reunir pessoas para se oporem contra uma autoridade ou contra uma ordem estabelecida.
A palavra “motim” pode referir-se aos atos explícitos de desobediência e uma reação negativa contra regras e ordens estabelecidas num grupo social. Em síntese, motim é um ato de rebeldia contra um poder ou autoridade estabelecida.
Abordaremos neste capítulo a história da rebelião de Miriã e Arão (Nm 12) contra a liderança de Moisés, seu próprio irmão. O Novo Comentário da Bíblia explica o texto de Números 12.1-6 da seguinte forma: “Embora seja mau para um superior verificar que entre os súditos lavra por vezes o descontentamento, muito pior é saber que não poucos desses súditos, quase sempre sem razões, procuram afincadamente destruir lhe a autoridade”. Foi o que aconteceu com a atitude rebelde de Miriã e de Arão contra a autoridade de Moisés.
Independentemente de tudo quanto Moisés havia feito em benefício de todo o povo israelita, algumas posturas do líder não agradariam a todos. Em especial, Moisés não esperava que seus irmãos, que eram colaboradores diretos, formassem um motim para conspirar contra ele. Arão e Miriã eram pessoas da família, que deveriam ouvir e apoiar Moisés, porque, acima de tudo, ele era a autoridade máxima em Israel.
Após sair do Egito, o povo de Israel caminhou em direção à terra de Canaã sob a liderança de Moisés, com a expectativa de conquistar a terra que o Senhor havia prometido. Entretanto, Israel havia crescido em número por 430 anos no Egito, mas não teve uma liderança espiritual organizada.
Por isso, não havia orientação moral e espiritual para o povo. Ao tomarem o caminho do deserto objetivando chegar à terra de Canaã, Israel experimentou muitos percalços em sua peregrinação provocados pela escassez de água e de alimentos sólidos. Essas experiências ruins fizeram com que Israel começasse a duvidar de que fora Deus que os tirara do Egito.
Essa insatisfação desenvolveu reclamações e murmurações contra Moisés. E, neste episódio do capítulo 12 de Números, Moisés teve que suportar até mesmo a oposição e rebelião de Arão e Miriã.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 83-84.
As Murmurações dos Israelitas (11.1-35)
Em Números 14.22, há uma lista de oito murmurações da parte de Israel. As frequentes murmurações de Israel no deserto, apesar de todas as bênçãos divinas, são um dos temas dominantes do Pentateuco. Cf. Êxo. 15.24; 16.2,3; 17.3; 32.1-4,25; Núm. 11.4-6; 12.1,2; 14.2,3; 16.13,14; 20.2-13 e 21.4,5. Isso nos mostra a falta de gratidão e de coragem daqueles israelitas. A ira divina sobreveio em Taberá (que significa queimadura). Este texto faz-nos lembrar de Romanos 1.24.
Os pagãos, entre seus outros pecados, a despeito da revelação divina mediante a natureza, não manifestavam o senso de agradecimento, e isso os conduzia a um estado espiritual lamentável. O fato de que Yahweh ouvia as queixas de Israel é um toque de antropomortismo (ver sobre isso no Dicionário). Não somos informa- dos sobre qual tipo de privação teria causado tanta murmuração, e também não nos é dada informação alguma sobre a natureza exata do juízo divino. Porém, mais aconteceu em Taberá do que poder-se-ia atribuir ao mero acaso.
Se os versículos 4 ss. deste capítulo 11 devem ser levados em conta, nos três primeiros versículos, então a causa dos queixumes era uma dieta alimentar pobre. Eles estavam enjoados de maná e anelavam comer carne e peixe, conforme faziam no Egito, estando ali em escravidão. Podemos supor que Israel tinha trazido do Egito muito gado, pois, sem isso, não poderiam ter-se envolvido em todos aqueles sacrifícios descritos no livro de Levítico. Todavia, não havia suprimento de carne suficiente.
Moisés havia proibido a matança geral de animais para sacrifício; e não havia animais limpos em número suficiente no deserto. Os críticos supõem que as descrições de animais sacrificados pertencessem a um tempo posterior, relatadas como se estivessem relacionadas às vagueações pelo deserto.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 641.
O coração humano é tão pecaminoso que tem a tendência de se esquecer das bênçãos de Deus, de ignorar as promessas dele e de encontrar defeitos na providência divina. “Rendam graças ao Senhor por sua bondade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens!” (S l 107:8, 15, 21, 31).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 430.
PALAVRA-CHAVE: Murmuração
I – A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MURMURAÇÃO
1. Assim nasce um motim.
A palavra “motim” refere-se aos atos explícitos de desobediência ou a uma reação negativa contra as regras e as ordens estabelecidas num grupo social.
É o que vemos em Números 11 e 12. Nesses capítulos há uma descrição de murmurações que culminaram na rebelião familiar contra a liderança de Moisés. Vejamos agora três queixas que remontam a rebelião na família do legislador de Israel.
COMENTÁRIO
Murmurações são aquelas falas baixas que sussurram palavras negativas contra aquilo de que se discorda. A história de Israel sempre teve problemas com murmurações e descontentamentos com regras e leis estabelecidas. Pior é a murmuração com intenção caluniosa, a fofoca ou o fuxico sobre a vida das pessoas. Qualquer tipo de liderança sempre sofrerá com esse tipo de problema, e não foi diferente com Moisés.
Desde a saída do Egito, passando pelo mar Vermelho e tomando o caminho do Sinai, o povo viveu tempos de êxtase até se deparar com a primeira grande dificuldade no seu caminho. O povo começou a reclamar contra Moisés e contra Deus porque não encontraram água potável para beber (Êx 15.22-27). Nessa retomada da viagem, não faltou a alegria do povo, o cântico de Moisés (Êx 15.1-19), nem mesmo a dança de Miriã e das mulheres de Israel com tamborins nas mãos, cantando e dançando na presença de Deus.
Em seguida, três dias depois de tomarem o caminho para Canaã, depois de deixar o Sinai, o povo se depara com a primeira grande dificuldade que era a sede, então, esse mesmo povo festivo, parece esquecer-se de tudo quanto Deus havia feito por todos e começa a murmurar contra o seu Senhor e contra Moisés (Nm 11). Contudo, Deus opera um milagre diante de todo o povo, quando, depois de Moisés orar, o Senhor lhe mostra “um lenho [o libertador de Israel] que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces” (Êx 15.25). Continuando a viagem, logo depois chegaram a um lugar chamado Elim, encontraram 12 fontes de água e 70 palmeiras.
O povo de Deus acampou por um pouco de tempo, nesse lugar, até partirem de Elim (Êx 16.1). Depois de saírem de Elim e tomarem o deserto de Sim, as reservas alimentares estavam acabando e, mais uma vez, o povo começou a murmurar contra Deus e Moisés. O povo começou a lembrar das panelas de carne e da abundância de pão que tinha à mesa de suas casas no Egito. Tão facilmente, esse povo havia esquecido de todo o sofrimento da escravidão egípcia, dos açoites que lanharam seus corpos, do trabalho forçado a que eram submetidos. Murmuraram contra Moisés e Arão por terem sido os condutores para essa aventura no deserto. Moisés, mais uma vez, foi falar com Deus e ouviu dEle a resposta: “Eis que vos farei chover pão dos céus” (Êx 16.4) e o povo a cada manhã recolherá a quantidade necessária para matar a fome.
O povo não deixou de murmurar contra Moisés e contra Deus, porque sentiam saudades das panelas de carne no Egito. Então, mais uma vez, Deus disse a Moisés: O Senhor lhes dará maná pela manhã e carne ao entardecer (Êx 16.8). Todo o povo foi surpreendido quando à tarde apareceram codornizes que cobriam o lugar onde estavam acampados (Êx 16.13). Nada faltou para aquele povo, mas a insatisfação era como um germe maléfico que dominava o coração e a mente das famílias de Israel. Porém, não demorou muito para que, ao terem enjoado de comer “maná” todos os dias, e caçar codornizes para comerem a sua carne, o povo voltou a reclamar contra a liderança de Moisés.
Nos tempos atuais, nós cristãos tão facilmente nos esquecemos das bênçãos de Deus em nossa vida e acabamos fazendo o mesmo que Israel fazia nos dias de Moisés.
Já nos primórdios da Igreja no primeiro século da Era Cristã, os apóstolos procuravam exortar aos cristãos que, de vez em quando, murmuravam contra a liderança da Igreja e uns contra os outros.
Tiago, irmão do Senhor, exortou: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz” (Tg 4.11). O apóstolo Pedro escreveu em sua epístola: “Deixando, pois, toda malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações” (1 Pe 2.1).
Voltemos à história de Israel e suas murmurações. Não demorou muito tempo para que Arão e Miriã, com ciúmes de Moisés e considerando-se secundários, começassem a murmurar contra sua liderança, formando um motim familiar para discordar de Moisés.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 84-87.
MURMURAÇÃO
O verbo “murmurar” serve como tradução para várias palavras em hebraico e grego (gogguzo, diagogguzo, embrimaomai e um substantivo grego, goggusmos). Em geral, as palavras significam resmungar ou murmurar um discurso subalterno ou se mi-articulado. Envolvidos na murmuração podem estar elementos tais como descontentamento, queixa, insatisfação, desacordo, ira, oposição e rebelião. Embora nem sempre seja este o caso (cf, At 6.1), Deus é geralmente o objeto da murmuração que é mencionada nas Escrituras. Por exemplo, em Êxodo 15-17 e Números 14; 26-17 os israelitas descontentes murmuraram contra Deus enquanto atravessavam o deserto; eles sem dúvida também murmuraram contra Moisés e Arão, mas Deus considerou essas murmurações contra seus servos como sendo, na realidade, contra Ele próprio (cf. Ex 16.2,7,8; Nm 14.2,27).
As atitudes e ações dos que murmuram são a manifestação de um temperamento inconveniente correspondente. Por exemplo: o queixume e a rebelião dos israelitas no deserto, a presunção dos escribas e fariseus, a incredulidade do restante dos judeus que rejeitavam os ensinos e as reivindicações de Cristo, o ressentimento dos empregados, na parábola de Cristo, que se opuseram à generosidade do patrão para com outros, e a impiedade dos apóstatas na Epístola de Judas.
E mais, foi a primeira ameaça à unidade da igreja primitiva, evitando-se a discórdia e a divisão pela designação dos sete diáconos para servir as viúvas de modo equitativo (At 6.1-6), Obviamente o murmúrio é completamente estranho ao caráter do povo de Deus.
Indubitavelmente, por duas vezes Paulo alerta os crentes sobre este perigo – advertindo os a não murmurar como fizeram os israelitas (1 Co 10.10), e fazer todas as coisas sem murmurações (Fp 2,14).
PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 1316.
2. A primeira queixa.
Israel havia saído da região ao redor do Sinai, no qual havia relativa fertilidade para a produção de grãos e água. De repente, depois de andarem para além do Sinai e depararem-se com o inóspito deserto, os israelitas começaram a reclamar de que Moisés os havia trazido para morrerem naquele lugar, quando poderiam ter ficado no Egito.
Aquela murmuração não só entristeceu a Moisés, mas a Deus, que havia libertado o povo do cativeiro egípcio. Por isso, Ele operou um juízo de fogo, destruindo um grupo de israelitas que vivia reclamando. O Senhor chamou aquele lugar de “Taberá” que significa “queimar” (Nm 11.1-3).
COMENTÁRIO
A primeira queixa aconteceu depois que Israel havia saído da região ao redor do Sinai, em que havia relativa fertilidade para a produção de grãos e água. De repente, depois de andarem para além do Sinai, depararam-se com o inóspito deserto e começaram a reclamar de que Moisés os havia trazido para morrerem naquela terra seca, quando poderiam ter ficado no Egito.
Aquela murmuração, não só entristeceu a Moisés, mas a Deus, que operou um juízo com fogo destruindo um grupo de pessoas que viviam reclamando. O Senhor chamou aquele lugar de “Taberá” que significa “queimar” (Nm 11.1-3).
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 87-88.
Quanto ao pano de fundo da mensagem deste versículo, ver a introdução a este capítulo.
Queixou-se. As notas introdutórias a este capítulo nos dão informações sobre a questão das murmurações de Israel, um dos temas dominantes do Pentateuco. Nada nos é dito acerca da razão de tais queixas, mas os vss. 4 ss. sugerem problemas com 0 suprimento alimentar, talvez no tocante tanto à quantidade quanto à variedade. Yahweh ouviu as murmurações dos israelitas e isso O desagradou. E então, em Sua ira, os castigou. Algum tipo de fogo atingiu as fímbrias do acampamento. Talvez tenha havido algum desastre natural, que foi desfechado em um momento exato, como uma erupção vulcânica, alguma tempestade elétrica, ou coisa similar. Mas outros veem um juízo divino direto. A teologia dos judeus era fraca quanto a causas secundárias, pelo que desastres naturais eram vistos como castigos diretos enviados por Deus.
Observe o leitor as expressões antropomórficas. Yahweh aparece aqui a ouvir, a ficar desagradado e irado, algo semelhante ao que os homens experimentam.
Alguns intérpretes judeus supunham que o povo de Israel se tenha queixado por causa das más condições da jornada, e não por causa de suprimento alimentar (uma queixa que só se manifestou mais tarde). Talvez os israelitas quisessem retornar ao Egito, porque sentiam que a jornada era árdua demais.
Esse hino, que sempre inspirou os mórmons, foi composto quando, por motivo de perseguição, marcharam do meio-oeste americano até 0 oeste distante. Eles se tinham acampado no que é hoje Omaha, estado de Nebraska, e 0 alvo deles era 0 que agora é a Cidade do Lago Salgado, estado de Utah, cerca de mil e oitocentos quilômetros adiante. Cerca de setecentos quilômetros desse trajeto atravessavam as Montanhas Rochosas. Sob a direção de Brigham Young, grande pioneiro ameri- cano, eles encetaram tal marcha, inspirados pelo hino traduzido acima.
Tal como amiúde acontece conosco, a jornada parecia dura demais para eles. Contudo, quando a vontade de Deus se faz presente, 0 caminho pelo qual enveredamos é de alegria, e não somente de dificuldades. Como poderíamos pensar em ganhar um grande galardão, se agora evitamos a luta? A preparação do Senhor foi prometida para os viajantes. Oh, Senhor, concede-nos tal graça!
O povo clamou a Moisés. Moisés era o mediador entre Yahweh e Israel, e também era o principal líder dos filhos de Israel. Por isso, ele precisou aguentar o impacto das queixas de Israel. O fogo se acendeu em labaredas; muitos israelitas morreram. O fogo nada perdoava; era um julgamento divino. Só o poder de Yahweh era capaz de fazer o fogo apagar-se. E, assim sendo, o povo voltou-se para o homem de Yahweh, Moisés. A oração de Moisés fez o fogo apagar-se; e assim o pedido do povo foi concedido, e esse julgamento chegou ao fim. Mas a lição não foi aprendida. Logo rebentaram de novo outras queixas, e o resto do capítulo descreve isso. Sem dúvida, muitas tendas foram incendiadas, e o incêndio espalhou-se com o vento. Porém, não há explicação no que tange à causa da conflagração.
Oração Medianeira. Quanto a outros incidentes que ilustram esse tipo de oração, feita por Moisés, ver os trechos seguintes: Êxo. 8.28; 10.17; 32.11 ss.; Núm. 14.13-19.
Alguns pensam que devemos entender aqui a palavra togo em um sentido metafórico, pensando que está em pauta aquele vento escaldante vindo do sul, o siroco. Esse vento sopra da parte do deserto oriental e é extremamente destrutivo. Mata toda vida com seu calor ressecante. Mas o texto sagrado não parece estar descrevendo, metaforicamente, esse vento.
Taberá. No hebraico, lugar de fogo (ou lugar de refeição). Os israelitas murmuraram, o que acabaria por tomar-se um costume, para todos os efeitos práticos, durante a jornada pelo deserto. Quanto a isso, ver a introdução a este capítulo. O fogo do Senhor feriu aquele lugar. Ver Núm. 1.1 quanto à natureza do fogo e às razões pelas quais tal fogo foi enviado. Esse fogo consumiu as extremidades do acampamento, queimando, sem dúvidas, a muitas tendas e matando certo número de pessoas.
Taberá é mencionada novamente em Deuteronômio 9.22, embora não seja listada entre as caminhadas de Israel no deserto, no capítulo 33 do livro de Números (vss. 16 e 17). O sentido da palavra está em dúvida e a definição de queimadura pode ter surgido mediante uma etimologia popular, e não científica. Cf. a história em geral com os comentários neotestamentários em I Cor. 10.11,12.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 641.
A Queima do Incêndio (11.1-3)
A murmuração e queixa dos israelitas (1) não era novidade para Moisés (cf. Êx 14.11,12; 15.24,25). Nem esta seria a última vez que as ouviria. Em todas as ocasiões, Deus tratou severamente de tais reclamações. Aqui, o fogo do SENHOR ardeu entre eles, consumindo alguns que estavam na última parte do arraial. O incêndio só se apagou (2) com a súplica de Moisés.
Lauriston J. Du Bois. Comentário Bíblico Beacon. Números. Editora CPAD. pag. 343-344.
3. A segunda queixa (Nm 11.4-7).
Após experimentar o juízo de fogo, no lugar de se humilhar diante de Deus, o povo começou a murmurar contra o “maná” que a cada manhã Deus enviava, e a lembrar com saudades dos alimentos do Egito (Nm 11.4-6).
Facilmente esqueceu-se de todas as privações experimentadas como escravos no Egito. Esse povo esqueceu-se também dos milagres operados pelo Senhor, quando abriu o Mar Vermelho, quando transformou a água amarga em água doce e outros muitos milagres. A murmuração nos faz esquecer das boas coisas vivenciadas com Deus.
COMENTÁRIO
A segunda queixa (Nm 11.7,8) referia-se ao fato de que toda manhã o povo teria que recolher o “maná” que Deus enviava.
Todavia, o povo passou a ter repugnância ao maná e desejava comer algo que lhes lembrasse os melões, os alhos e as cebola, os pepinos, os peixes dos rios (Nm 11.4-6). Facilmente, esqueceram de todas as privações experimentadas como escravos e passaram a ter saudades do velho Egito. Esqueceram, também, dos milagres operados pelo Senhor, abrindo o mar Vermelho, transformando água amarga em água doce e outros.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 88-89.
Populacho. O termo hebraico assim traduzido é ‘asapsup, que se acha apenas aqui, em todo o Antigo Testamento. O termo tem o sentido básico de “coleção”, pois estavam em foco aquelas pessoas que haviam sido “coletadas” ao longo do caminho, pessoas indesejáveis, que não pertenciam ao povo de Israel, mas tinham acompanhado os israelitas, de alguma maneira, fugindo dos egípcios por uma série de razões. No Egito, muita outra gente vivia escravizada no Egito, e não somente os hebreus. É provável que muitos dentre aquela “coleção” fossem escravos de outras raças, que se tinham aproveitado da emancipação dos israelitas para escaparem. Outros podem ter sido meros aventureiros que estavam procurando uma oportunidade para fugir. E também havia meros descontentes, talvez até alguns egípcios que buscavam fortuna, os quais, impressionados com as promessas feitas por Moisés, resolveram sair do Egito juntamente com os filhos de Israel.
Pessoas dessa natureza seriam as primeiras a murmurar; mas é tolice pen- sar que a murmuração não foi generalizada. Outra palavra hebraica está por trás do termo hebraico ‘ereb, “multidão mista”, que se vê em Êxo. 12.38; Nee. 13.3. Mas a mesma gente está em pauta.
Os filhos de Israel tornaram a chorar. A multidão mista deu início à murmuração, mas os israelitas também estavam descontentes com a alimentação e com as condições de viagem. Foi um descontentamento generalizado que ameaçava estourar na forma de uma rebelião universal.
As queixas giravam em tono do maná miraculoso. Alguns estudiosos pensam que tais queixas envolviam as questões quantitativas e qualitativas dos alimentos, por trás do fogo que rebentou em Taberá (vss. 1-3 deste capítulo). Porém, talvez a murmuração anterior se devesse às dificuldades da jornada. E agora viera à tona a questão do regime alimentar. É claro que os israelitas dispunham de uma dieta mais rica e variada no Egito. A alimentação é uma necessidade básica, e as pessoas grosso modo dão muito valor a essa questão. Os israelitas preocupavam-se com o que poderiam comer. Mais de três milhões de pessoas estavam atravessando um extenso deserto estéril. Seria mister uma série contínua de milagres para alimentar tanta gente, até que chegassem à Terra Prometida, sem passarem fome. O maná era abundante e constante; mas os filhos de Israel por agora já não aguentavam repetir 0 mesmo menu. A rebeldia deles bem poderia tê-los levado a planejar como poderiam voltar ao Egito, não fora a presença de Moisés entre eles.
Quem nos dará carne a comer? O fato de que eles possuíam tantos animais para os sacrifícios, conforme se vê no livro de Levítico, mas sem poder abatê-los, talvez tenha servido como um dos motivos de queixas. Mas Moisés não permitiria a matança generalizada do gado doméstico dos israelitas. Contudo, outros animais limpos não eram abundantes no deserto, pelo que os israelitas ficaram sem a carne que estavam acostumados a consumir no Egito.
Devido a seu profundo desejo por alimentos, os israelitas acabaram caindo na rebeldia e na incredulidade. A fé deles se debilitou por causa de uma dieta pobre.
Lembramo-nos dos peixes. O rio Nilo era muito piscoso, com variadas espécies, servindo de grande suprimento alimentar no Egito. Por igual modo, 0 pepinos do Egito eram grandes e saborosos. E também havia melões e outras frutas, legumes e condimentos, como as cebolas e as duas variedades de alhos mencionadas neste versículo.
No Egito nada faltava para que houvesse uma cozinha farta e variegada. No hebraico, a palavra aqui traduzida por alhos silvestres que, na opinião de alguns especialistas, significa uma espécie de trevo, peculiar ao Egito, usado como condimento. As cebolas egípcias eram de boa qualidade, e até as classes pobres dispunham de cebolas à vontade. Portanto, as queixas dos murmuradores tinham certa razão de ser a dieta era boa no Egito. No entanto, os queixosos se esqueciam da terrível escravidão que os esmagara no Egito. Alguns argumentos são verazes, mas isso não os toma justos. Verdadeiro nem sempre é um sinônimo de justo.
Heródoto (Alpinus) e Plínio (Hist. Natural 1.36, cap. 12) descreveram a rica dieta dos egípcios. Depois deles, certas frutas e legumes chegaram a ser adora- dos como se fossem coisas divinas, conforme confirmou Juvenal (Satry, 15), mas isso não corresponde aos dias de Moisés.
O Mau Odor do Egito. Certa ocasião ouvi um sermão que destacava como as cebolas e os alhos do Egito deixam um mau hálito depois de ingeridos. “Se você estivesse no Egito, um símbolo do mundo, também ficaria com um mau hálito.” O versículo anterior a este é que estava sendo usado pelo pregador, de forma metafórica, no seu sermão.
Seca-se a nossa alma. Essa frase traduz literalmente o hebraico, nephesh, palavra essa que, no Antigo Testamento, nunca tem o sentido de porção imaterial do homem. Porém, na época dos Salmos e dos Profetas, surgiu a ideia de alma, distinta do corpo, embora não fosse usada a palavra nephesh. Por isso, alguns estudiosos dão aqui a tradução “força” ou “vida”. A ausência de uma dieta apropriada havia ressecado as forças físicas de algumas pessoas. “E agora precisavam encher o estômago com alimentos gostosos” (John Marsh, in loc.), para que se livrassem daquela sensação de sequidão, devido ao maná, maná, maná.
Era o maná. Ver Êxo. 16.14,31 que é um paralelo direto deste versículo. É provável que a repetição acerca do maná, neste ponto, tivesse o propósito de mostrar que o maná é uma coisa boa, uma dádiva de Deus, e Israel deveria ter-se contentado com o maná como o seu regime alimentar. Um dos piores pecados é a falta de gratidão pelo abundante suprimento que já recebemos, e o desejo por muitas outras coisas. E, assim, os homens oram por muitas coisas, somente para satisfazerem suas concupiscências (Tia. 4.3), ao passo que deveriam pedir sabedoria espiritual (Tia. 1.5,6).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 642.
A multidão mista hasaphsuph, as pessoas recolhidas ou recolhidas. Tal como saíram do Egito com os israelitas, e são mencionados Êxodo 12:38. Este povo, sem raça definida, que teve relativamente pouco do conhecimento de Deus, sentindo as dificuldades e fadigas da viagem, foram os primeiros a queixar-se, e, em seguida, encontramos os filhos de Israel se juntando a eles em suas queixas, e fez uma causa comum com estes infiéis. Versículo 5. Lembramos.
As afecções de escolha que os murmuradores se queixaram de ter perdido por seu Egito sair, foram os seguintes: peixes, pepinos, melões, alho-poró, cebola e alho. Um europeu pode sorrir para tais iguarias, mas iguarias que estavam naquele país. Seu peixe é excelente, seus pepinos e melancias altamente salutares e refrescantes, e as suas cebolas, alho, vegetais da mesma espécie nestes climas do norte como uma má nabo faz a partir de uma boa maçã. Em suma, esta enumeração leva em quase todas as iguarias geralmente atingíveis nesses países.
O versículo 7. Era o maná como semente de coentro.
Provavelmente esta breve descrição é adicionada para mostrar a iniquidade das pessoas em murmuração, enquanto eles tinham uma disposição tão adequada. Mas a baixeza de suas mentes aparece em cada parte de sua conduta.
Sobre o bdélio dos antigos o aprendidas não estão de acordo, e não deve incomodar o leitor com conjecturas. Veja Clarke em Gênesis 2:12. Em relação ao maná, veja as notas em Êxodo 16:1-36.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
4. A terceira queixa (Nm 12.1-3).
No capítulo 12, após todo um contexto de murmuração apresentado no capítulo 11, temos a rebelião de Miriã e Arão contra a liderança de Moisés. Trata-se de uma rebelião na família de Moisés, Arão e Miriã.
Em primeiro lugar, Miriã e Arão não aceitavam o casamento de Moisés com uma mulher cuxita, que por não ser de nenhuma família hebreia, mas da descendência de Cam, filho de Noé, teve muita resistência de aceitação, pois esse povo era considerado vil e desprezível.
Porém, essa murmuração ia mais longe. Por serem mais velhos que Moisés, Miriã e Arão queriam ter um tratamento protagonista como o de Moisés (Nm 12.2). A inveja na família é um sentimento perigoso.
COMENTÁRIO
A terceira queixa (Nm 12.1-3) era a queixa de Miriã e Arão de que não eram mais consultados em algumas decisões que Moisés tomava. Os dois irmãos não aceitavam o casamento de Moisés com uma mulher cuxita, que não era de nenhuma família hebreia e era uma descendente de um filho de Cam, geralmente considerado como povo vil e desprezível.
Eles não conseguiam entender essa postura de Moisés, mas não havia nada que impedisse o casamento. Por serem mais velhos que Moisés, seus irmãos acreditavam que tinham de ser consultados a respeito das decisões importantes em relação ao povo, por isso se sentiram menosprezados.
Arão e Miriã reclamaram por não serem consultados, até mesmo para a formação de um grupo de 70 anciãos do povo para ajudarem a Moisés no atendimento das necessidades do povo (Nm 11.16,17). Os dois chegaram a um ponto de se perguntarem: “Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu” (Nm 12.2).
A liderança dada a Moisés não foi estabelecida por uma democracia, na qual o povo decidia. O princípio dessa liderança não era, também, oligárquico, nem monárquico, mas, sim, o princípio que regia a autoridade de Moisés era a autoridade de Deus delegada para executar as ordens que vinham diretamente do Senhor.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 88-89.
A segunda esposa de Moisés serviu de caso melindroso, a razão da primeira queixa deles (vs. 1). Mas o que realmente irritava Miriã e Arão era que Moisés monopolizava tudo, como único porta-voz de Yahweh. É como se diz modernamente: “Um grande homem, grandes vícios”. Yahweh havia conferido a Moisés uma posição elevada, pelo que Miriã e Arão se ressentiam disso, e agora esperavam poder mudar a situação. Miriã foi chamada de proletisa (Êxo. 15.20), pelo que era mulher de alguma habilidade e posição espiritual. E queria aumentar sua autoridade, sobre tudo junto àquela outra mulher, que parecia estar ameaçando a sua posição. Ver Miq. 6.4, que exalta a condição de Miriã.
A inveja, o ciúme e a competição são fatores que levam as pessoas a queixas. Miriã estava enfrentando tudo isso. À base de tudo, porém, estava a ignorância do fato de que Deus tinha realmente conferido a Moisés uma posição sem igual como Seu mediador, algo que vinha sendo repetidamente provado desde 0 Egito. A irmã e o irmão de Moisés puseram em dúvida a reivindicação de Moisés, e convenientemente olvidaram-se de grande parte da história.
O Senhor o ouviu. Achamos aqui outro antropomoriismo (ver a respeito no Dicionário). A queixa chegou à atenção de Yahweh, pelo que o juízo divino já estava a caminho. Seu homem escolhido estava sendo atacado por subordinados indignos. E em breve seriam postos em seu devido lugar.
Por muitas vezes achamos no Pentateuco alguma expressão como 0 Senhor falou. Ela assinala o começo de algum novo material, embora também nos lembre da doutrina da divina inspiração das Escrituras. Fica assim demonstrado que Moisés era o mediador de Yahweh. Ver as notas a esse respeito em Lev. 1.1 e 4.1
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 647.
E quando as pessoas se queixaram
Qual foi a causa desta reclamando, não sabemos. A conjectura de São Jerônimo é provável; eles reclamaram por causa do comprimento do caminho. Mas, certamente, não as pessoas tinham cada vez menos motivas de murmuração, eles tinham Deus no meio deles, e os milagres de Deus eram continuamente feitas em seu nome. Desagradou o Senhor.
Por sua bondade extraordinária foi perdido em tal povo ingrato e rebelde. E a sua ira se acendeu a justiça divina foi necessariamente indignada contra tal conduta indesculpável. E o fogo do Senhor queimou entre eles.
Ou um fogo sobrenatural foi enviado para esta ocasião, ou o relâmpago foi encomendada contra eles, ou Deus os feriu com um desses ventos sufocantes quentes que são muito comuns nesses países.
E consumiu-nos confins do acampamento.
Ele invadiu o acampamento inteiro, a partir do centro para a circunferência, levando a morte com ele para todos os murmuradores, pois não devemos supor que ela foi confinada às partes mais remotas do campo, a menos que nós poderíamos imaginar que não havia nenhum culpado qualquer outro lugar. Se este fosse o caso, mesmo com o mencionado Números 11:4, em seguida, uma vez que é possível que o vulgo ocupasse as partes mais exteriores do campo, consequentemente, a queima pode foram confinado a eles.
Verso 2. E o fogo se apagou
Foi afundado, ou engolido, como na margem. A peste, de qualquer espécie, deixou de agir, e as pessoas tiveram descanso.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
SINÓPSE I
Os episódios de murmuração estão na origem do motim produzido pelos irmãos de Moisés.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
O PECADO DE MIRIÃ E ARÃO
“Pelo que deduzimos, a murmuração e a reclamação eram incontroláveis, pouco importando a severidade com que Deus as tratasse. Neste ponto, surgem nos escalões mais altos do acampamento, em Miriã, a profetisa (Êx 15.20), e Arão, o sacerdote. A passagem é bastante clara em mostrar que foi Miriã quem iniciou a crítica e que Arão, como sempre, foi mero porta-voz.
A crítica que fizeram de Moisés era dupla: o desgosto por ele escolher uma esposa e a questão sobre porque Miriã e Arão não deveriam ser reconhecidos, ao lado de Moisés, como competentes para receber as mensagens de Deus” (MULDER, Chester O. et al. Comentário Bíblico Beacon – Volume 1: Gênesis a Deutoronômio. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.347).
II – O MOTIVO DA REBELIÃO DE MIRIÃ E ARÃO
1. A inveja.
Os dois alimentaram a ideia de que a liderança de Israel teria de ser compartilhada com eles. Miriã era uma profetisa e Arão, um sumo-sacerdote. Por isso, eles julgaram ter a mesma autoridade que Moisés, o irmão mais novo. Veja que a liderança era de Moisés, mas Miriã e Arão achavam-se no direito de liderar o povo.
Ora, o papel deles era de cooperar na liderança de Moisés. Esse questionamento diz muita coisa: “Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?” (Nm 12.2). Uma inveja instalou-se no coração de Miriã e Arão, levando-os a um sentimento corrosivo, advindo do desejo de querer o lugar do outro. Tudo isso contra o próprio irmão. Esse mesmo sentimento é muito perigoso nos dias de hoje. Quando a inveja se instala no centro da família, as consequências podem ser trágicas.
COMENTÁRIO
Miriã era uma mulher que tinha uma capacidade de liderança espetacular. Desde menina, quando ajudou a mãe, Joquebede, a esconder o menino Moisés e depois colocá-lo num cesto de juncos no rio Nilo, Miriã e sua mãe confiavam na providência divina para salvar o menino. Moisés acabou sendo criado no palácio de Faraó e, posteriormente, depois que fugiu do Egito e passou quarenta anos na terra de Midiã, Moisés, tendo recebido a chamada divina para voltar ao Egito e libertar o seu povo, deixou tudo o que tinha e foi-se de volta ao Egito. Tornou-se o grande líder da libertação do seu povo e o conduziu para ir a uma terra prometida por Deus.
Durante 40 anos, Moisés liderou esse povo e sempre teve a participação de seus irmãos, Arão e Miriã.
Já havia alguns anos que Israel estava em sua peregrinação para a terra de Canaã. Enfrentaram conflitos e até guerras ao longo de sua caminhada, e Miriã e Arão alimentavam suas mentes com a ideia de que a liderança de Israel teria que ser compartilhada com eles. De fato, eles perderam a noção espiritual da autoridade que Deus havia dado a Moisés e, por isso, se compararam ao irmão entendendo que ambos eram tão importantes quanto ele. Miriã era uma profetisa e Arão era o sumo sacerdote, por isso, tinham dificuldades para aceitar a liderança do irmão mais novo.
O ciúme é doentio porque estava no âmago das emoções de Miriã e Arão. A murmuração contra Moisés produziu um sentimento de insegurança dos dois porque achavam que não podiam perder a influência sobre o irmão mais novo. Na verdade, Miriã e Arão se achavam com direito de exclusividade acerca da liderança em Israel. A liderança era de Moisés, e o papel de seus irmãos era o de cooperar nas decisões. Por isso, Miriã e Arão questionaram a liderança de Moisés e falaram: “Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?” (Nm 12.2).
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 89-91.
Senhor o fato falado somente por Moisés?
É certo que tanto a Arão e Miriã tinha recebido uma parte do espírito profético, (ver Êxodo 4:15 e 15:20), e, portanto, eles pensaram que poderiam ter uma participação no governo, para que não houvesse nenhum tipo de ganho ligada a este governo, e não honra, mas como veio de Deus, mas o amor do poder é natural para a mente humana, e em muitos casos, os homens vão sacrificar até mesmo honra, prazer e lucro para o desejo de poder.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
Mais uma vez uma murmuração pessoal está ligada ao questionamento da autoridade espiritual de Moisés (cf. 11:4-34). Desta vez Miriã e Arão a princípio se queixam a respeito da mulher cusita de Moisés, antes de trazer à baila o verdadeiro problema: Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? A respeito dessa mulher cusita nada sabemos, a não ser o que o versículo 1 nos conta. Ela pode ser a mesma Zípora, mais costumeiramente descrita como midianita (Ex 2:16ss.); Habacuque 3:7 e alguns textos assírios sugerem a identidade de Midiã e Cusã. Cuxe, todavia, normalmente refere-se à Etiópia (v.g. Gn 10:6).
Assim a maioria dos comentaristas acham que pode ser que ela fosse a segunda esposa de Moisés, e que ela havia vindo da Etiópia (v.g. 10:6). O texto não explica porque Miriã e Arão puseram objeções contra essa mulher, porque na verdade as suas objeções a ela eram apenas uma cortina de fumaça para o desafio que estavam fazendo a autoridade espiritual de Moisés. Não obstante, o fato de se ligar o casamento de Moisés com o seu relacionamento com Israel, pode não ser arbitrário como a princípio parece. Costumeiramente, o casamento é considerado como símbolo do pacto de Deus com Israel. Moisés, como representante de Deus por excelência, por conseguinte precisa demonstrar em seu relacionamento com sua esposa como Deus age para com Israel.
Porém, seria pura especulação tentar imaginar as objeções de Miriã e Arão, com base nesta analogia.
Miria e Arão alegam que o Senhor fala com eles da mesma maneira íntima que fala com Moisés. “Fala com” é uma tradução melhor do hebraico dibber be do que tem falado… por (2) da ARA, pois a mesma frase é usada nos versículos 6 e 8 a respeito das discussões íntimas entre Deus e os Seus servos.
O fato de eles questionarem a autoridade peculiar de Moisés segue o relato da divisão do espírito de Moisés com os setenta anciãos, o que pode ser interpretado como demonstração de que Moisés era apenas o primus inter pares. Entretanto, os próprios termos em que Arão e Miriã expressaram o seu desafio mostram que eles reconheciam que havia uma diferença de fato entre a autoridade deles e a de Moisés. Isto é confirmado pelas palavras de Deus nos versículos 6-8, pelo julgamento de Miriã no versículo 10, pela incapacidade de Arão em curá-la (11-12), e pela sua cura através da intercessão de Moisés (13-15).
Gordon J. Wenham. Numeros Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 117-118.
2. O motim familiar promove dissabores e ofensas.
Embora Miriã exercesse um papel importante entre o povo como profetisa e conselheira (Êx 15.20,21), ela não poderia voltar-se contra Moisés.
Embora Arão fosse um sumo-sacerdote, ele não poderia arder em ciúme contra o seu próprio irmão. Infelizmente, essa atitude de Miriã e Arão influenciou o povo contra a liderança de Moisés. Deus haveria de tratar com os dois irmãos. Devemos, portanto, lembrar de que um dos segredos para manter a família espiritualmente equilibrada é a prática do respeito mútuo entre os familiares.
COMENTÁRIO
Os pais dos três irmãos, Miriã, Arão e Moisés, já haviam morrido. Naturalmente, cada um dos filhos passou a ter liderança própria, mas, pelo fato de Deus ter eleito a Moisés para ser o grande líder do povo, não seria diferente na casa de seu pai. Moisés recebeu a ordem de Deus de fazer de Arão o líder espiritual, não só da família, mas de todo o povo de Israel. Miriã gozava da confiança de todo o Israel para compartilhar das grandes decisões durante a peregrinação do povo para fora do Egito.
Um dos segredos de manter a família feliz é o respeito mútuo entre todos os familiares. Miriã tinha a sua importância no contexto da vida espiritual de Israel como profetisa, conselheira, mas ela confundiu a importância do seu papel em relação à liderança do povo de Israel. Arão era o sumo sacerdote e tinha a sua importância no ministério sacerdotal, mas se deixou influenciar por sua irmã, e juntou-se a ela para reclamar porque não aceitavam o segundo lugar, que lhes competia na chefia do povo de Israel. Com uma atitude carnal Arão e Miriã deixaram-se dominar pelo ciúme contra a autoridade de Moisés. Era uma família líder entre todas as famílias.
Por isso, a atitude insidiosa de Miriã e Arão contra Moisés influenciou todo o povo que murmurava de tudo e não se conformava com as restrições alimentares.
Na vida da Igreja, ninguém consegue um lugar de destaque na liderança com atitudes carnais e com desrespeito à autoridade constituída por Deus. Serão líderes na igreja aqueles que se fizerem dignos de maior responsabilidade (1 Tm 3.2,7).
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 91-92.
Miriã e Arão contra Moisés.
Parece que o ciúme do poder e influência de Moisés eram a verdadeira causa da sua queixa que o fato de ter se casou com uma mulher etíope haishshah haccushith aquela mulher, o etíope, provavelmente significando Zípora, que era um árabe nascido na terra de Midiã – foi a causa ostensiva.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
Quanto à forma e ao conteúdo, esta história do desafio lançado por Míriã e Arão contra a suprema autoridade de Moisés tem muitos pontos em comum com os dois episódios93 anteriores. Embora este protesto pareça ser muito menos sério do que o descontentamento popular generalizado, descrito no capítulo anterior, de fato ela foi peculiarmente pungente e fundamental.
Não foi apenas um caso trivial de inveja familiar, pois Arão, irmão de Moisés, era também o sumo sacerdote, e portanto, o supremo líder religioso e o homem mais santo de Israel; enquanto que Miriã, sua irmã, era uma profetisa e, desta forma, chefe das mulheres cheias do espírito (Ex 15:20s.). Aqui, portanto, verifica-se uma aliança de sacerdote e profeta, dois protótipos da religião israelita, desafiando a posição de Moisés como único mediador entre Deus e Israel. A sua vindicação é ao mesmo tempo decisiva e dramática; de fato, a descrição da sua posição e do seu ofício prefiguram claramente os de nosso Senhor do Novo Testamento.
Gordon J. Wenham. Números Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 117.
SINÓPSE II
A inveja de Arão e Miriã obteve severo tratamento do Senhor.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A INVEJA CAUSA A REBELIÃO
“Os irmãos de José tiveram inveja do favor de seu pai Jacó, e cobiçavam o papel de filho favorito. Certo ou errado, Jacó escolheu José para um lugar especial na família. Deus, por sua presciência, deu sonhos a José, que estava sendo preparado, sem saber, para sofrimentos e triunfos futuros.
A inveja é geralmente baseada no temor — medo de perder algo. A inveja é sempre uma emoção egoísta. Deus deu sonhos a José, e então seus irmãos perderam o prestígio. Quando Jacó presenteou José com uma túnica multicolorida, o orgulho e a autoestima dos irmãos foram feridos, produzindo a necessidade de retaliação. Muitos dos nossos problemas são resultado direto de um coração invejoso. Devemos nos observar cuidadosamente” (DORTH, Richard W. Orgulho Fatal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.68,69,75).
III – MOISÉS: UM HOMEM MANSO E HUMILDE
1. O mais manso que havia na Terra.
A Bíblia declara que Moisés era um homem humilde e manso em atitudes (Nm 12.3). Ele não revidou a atitude de seus irmãos. Sua mansidão era uma qualidade de caráter que o distinguia dentre outros homens. No Sermão do Monte, Jesus disse: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mt 5.5). Mais à frente, no mesmo sermão, nosso Senhor disse: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).
Essas duas atitudes, enfatizadas pelo nosso Senhor, estavam presentes na liderança de Moisés para com o povo de Deus. Na mentalidade mundana, ser manso pode significar “fraqueza e covardia”, mas no ensinamento bíblico, implica capacidade de exercer o autocontrole, o domínio de si mesmo. Assim, a mansidão é uma das qualidades do Fruto do Espírito (Gl 5.23).
Moisés teve essa serenidade para agir com firmeza sem se deixar arrebatar pela ira. Mesmo sabendo da murmuração e da sedição de Miriã e Arão contra a sua liderança, ele não teve atitude vingativa para com seus irmãos. Pelo contrário, orou para que Deus os perdoasse. Nesse sentido, a mansidão e a pacificação são virtudes que a família cristã não pode deixar de rogar a Deus e praticar. São duas virtudes indispensáveis ao equilíbrio da família cristã.
COMENTÁRIO
A Bíblia declara que Moisés era homem humilde e manso em todas as atitudes que tomava “E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia na terra” (Nm 12.3). O modo como Moisés enfrentou a murmuração do povo e a rebelião de Miriã e Arão se constitui num aprendizado para os que exercem liderança na Igreja de Cristo. Ele teve serenidade e ficou em silêncio até o momento em que Deus agiria por ele. Moisés não revidou a atitude de seus irmãos. Sua mansidão era uma qualidade de caráter que o distinguia entre todos.
Na língua hebraica, a palavra manso é “anaw”, que significa “ser brando, gentil, ter disposição suave; ser tolerante”. Moisés possuía essas qualidades de temperamento e caráter. Sabendo que seus irmãos murmuravam contra si e contra a sua liderança, Moisés não se indispôs com eles. Ele era capaz de suportar com paciência as ofensas que lhe eram dirigidas e não reagia com atitude violenta.
Ele não se deixava dominar por ímpetos de seu temperamento e sabia esperar em Deus o modo de agir.
Jesus, em seu Sermão do Monte, em Mateus 5.5, disse: “Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” e mais à frente, no mesmo discurso, Jesus também falou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). Essas duas atitudes destacadas por Jesus eram as que Moisés demonstrava em sua liderança do povo de Deus. Na mentalidade mundana, ser manso pode significar “ser fraco, covarde, retraído”, mas, na filosofia bíblica, “ser manso” implica ter a capacidade de exercer autocontrole, o controle do seu próprio ego. Moisés teve serenidade suficiente para agir com firmeza sem se deixar arrebatar pela ira.
Uma das qualidades do fruto do Espírito é a mansidão (Gl 5.22).
Na língua grega do Novo Testamento, “mansidão” é praotês, que significa a força que põe sob controle o nosso dia a dia.
Mesmo sabendo da murmuração e sedição de Miriã e Arão contra a sua liderança, Moisés não teve atitude vingativa para com eles. Pelo contrário, orou por seus irmãos para que Deus os perdoasse. O Senhor puniu, principalmente, a Miriã que ficou leprosa repentinamente e teve que ser colocada fora do acampamento de Israel (Nm 12.15). Moisés compadeceu-se de sua irmã e orou para que Deus a curasse (Nm 12.13).
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 92-94.
Mui manso. A humildade era uma das grandes características de Moisés. Ver Êxo. 3.11. A palavra hebraica aqui traduzida por “manso” é ‘anaw, “humilde”. A raiz desse termo hebraico é ‘ana, “forçar à submissão”. A melhor tradução, pois, é mesmo “humilde”. Contrariamente à maioria dos ditadores, Moisés não era um homem arrogante.
Ocupava a posição que ocupava por atribuição de Deus, e não porque tivesse ascendido à sua posição mediante poder e arrogância, impondo aos outros a sua vontade. Isso nos mostra que Moisés não era o tirano que Miriã e Arão queriam que ele parecesse ser. Sua autoridade era divinamente conferida. Ele era o homem apropriado para o momento, e não um indivíduo que se tivesse exaltado a algum elevado ofício por meio de sua poderosa personalidade.
A autoria mosaica do Pentateuco é um dos problemas levantados por este versículo. Uma terceira pessoa nos descreve aqui Moisés, e não ele mesmo. Meu artigo sobre o Pentateuco e sobre os cinco livros que 0 compõem aborda essa questão de autoria, com argumentos pró e contra.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 647.
Agora, Moisés era homem muito manso.
Como Moisés, que certamente era tão humilde e modesto como ele era manso, poderia escrever este elogio a si mesmo? Acho que a palavra não é bem compreendida; anav, que traduzimos manso, vem de anah, para agir, para humilhar, diminuir, afligir, e é traduzido assim, em muitos lugares do Antigo Testamento, e, nesse sentido, deve ser. Entende-se aqui: “Agora este homem Moisés estava deprimido ou aflito mais do que qualquer homem haadamah, daquela terra.”
E por que ele estava assim? Devido ao grande fardo que ele teve de suportar no cuidado e governo deste povo, e por causa de sua ingratidão e rebelião contra Deus e ambos se: desta depressão e aflição, verem a prova mais completa no capítulo anterior. O próprio poder que invejava era opressivo ao seu possuidor, e foi mais do que qualquer um de seus ombros poderia sustentar.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
2. O fardo de uma liderança.
No capítulo 11 de Números, após a segunda queixa do povo de Israel, Moisés desabafou com Deus a respeito do peso de sua liderança com os hebreus (Nm 11.11-15). Houve um momento em sua vida, em que o peso da liderança o deixou sem ânimo para continuar a missão de conduzir Israel à Terra Prometida. Então, recebeu a orientação direta de Deus para separar 70 anciãos dentre os príncipes de Israel (Nm 11.16).
Ao escolher os 70 anciãos, o Espírito de Deus repousou sobre eles e começaram a profetizar (Nm 11.25). Esse episódio remonta o contexto da rebelião dos dois irmãos contra Moisés. Outrossim, é uma bênção quando o Espírito Santo é derramado sobre a família; no lugar do ódio, há amor; no lugar do ciúme e da inveja, há parceria e comunhão. Que o Espírito Santo opere o caráter de Cristo em nossa família!
COMENTÁRIO
Moisés estava entediado e depressivo com o peso do fardo de sua liderança com Israel (Nm 11.11-15)
Depois das murmurações do povo contra Moisés, o povo foi punido pelo Senhor para que aprendesse a reconhecer a soberania divina sobre todos e aprendesse a reconhecer todas as benesses recebidas de Deus desde que Israel saiu do Egito. Mas Moisés era apenas um homem com limitações e sentimentos. Ele parece ter chegado ao limite de sua capacidade de suportar com o peso da liderança sobre Israel. Houve um momento na vida de Moisés em que o peso do fardo da liderança o deixou depressivo e sem ânimo para continuar com a missão de conduzir Israel à Terra Prometida (Nm 11.11,12). Em outra ocasião (Êx 18.13-24), Jetro, o sogro de Moisés, foi ao seu encontro e, vendo com seus olhos que Moisés carregava o fardo da liderança completamente só, então o aconselhou para que diminuísse o peso de seu fardo e dividisse com outros líderes do povo. Posteriormente, mais uma vez, é Deus que toma a iniciativa para diminuir a carga de responsabilidade de orientar e aconselhar o povo. O Senhor ordenou a Moisés que convocasse os líderes do povo, ou seja, os anciãos, e deles escolhesse 70 anciãos dos príncipes de Israel para o ajudarem.
Para confirmar a escolha desses 70 anciãos, o Senhor desceu na nuvem e falou com eles, e aqueles homens ficaram cheios do Espírito Santo e profetizavam (Nm 11.25). Depois desse episódio especial, visto que fora o Senhor quem orientou Moisés a fazer daquele modo, Moisés não consultou ninguém, porque era ordem do Senhor e, por essa razão, seus irmãos se sentiram esquecidos murmurando contra ele.
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” — Mateus 5.9
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 94-95.
Disse Moisés ao Senhor. As queixas de Moisés a Deus, contra Israel, ocupam somente três versículos, mas suas amargas queixas demonstram grande desprazer (vs. 11). Consideremos estes pontos:
Yahweh tinha afligido a Moisés. Isso de acordo com a avaliação do próprio Moisés. Não fora Yahweh quem o encarregara daquele povo terrível, sempre queixoso, sempre tendente ao desvio, perturbando a boa vida que ele tinha levado no Egito, e entregando-lhe uma tarefa quase impossível?
Yahweh não favorecera a Moisés. Moisés, o homem reto, não havia sido favorecido por Yahweh conforme parecia necessário. A prova disso era a grande provação que lhe havia sido imposta. Um homem favorecido sem dúvida não teria recebido um teste tão severo.
Adam Clarke (in loc.), ao reconhecer quão correto era o desprazer de Moisés, lembra-nos de que a escravidão avilta as pessoas. Ele supunha que, em vista de Israel ter sido aviltado como povo, criava tantos problemas para Moisés.
Uma carga excessiva. Cuidar de toda aquela imensa nação era tarefa demasiada para Moisés. Moisés hesitara a princípio, pensando que alguma outra pessoa poderia realizar melhor a tarefa (ver Exo. 4.10-13). Jetro, sogro de Moisés, tentara ajudá-lo a organizar melhor seu trabalho (ver Êxo. 18.14 ss.). Também havia os anciãos do povo (ver Êxo. 3.16; 4.29; 12.21; 24.1; Lev. 4.15; Num. 11.16; Deu. 5.23). Apesar da ajuda deles, ainda assim Moisés sentia-se sobrecarregado, especialmente diante do fato de que estava dirigindo um povo rebelde, que vivia queixoso. Disse um ministro do evangelho, certa feita: “Ficamos cansados no trabalho, mas não do trabalho”. Mas parece que Moisés tinha-se cansado em ambos os sentidos.
Yahweh tinha concebido o povo de Israel. Essa queixa de Moisés era especialmente amarga. Ele falou com sarcasmo. “Concebi eu a esses rebeldes? Não! Antes, foste Tu, Yahweh, que deste origem a esse povo. Nesse caso, por que estou sendo afligido por causa deles?” “Deus, e não Moisés, tinha sido a causa do êxodo. Portanto, deveria carregar o filho e nutri-lo” (John Marsh, in loc.). Yahweh é que fizera as grandes promessas no Seu pacto abraâmico (ver as notas em Gên. 15.18). Portanto, era responsabilidade de Yahweh cuidar de cumprir suas provisões, incluindo aquela concernente à Terra Prometida.
Geração e Regeneração. A Deus compete conceder vida. Ver estes trechos do Novo Testamento que mostram as impacto das aplicações espirituais dessas questões: I Cor. 4.15; I Ped. 1.23; Tia. 1.18; Gál. 3.2; João 3.1-21. Alguns versículos do Novo Testamento mostram-nos que Deus regenera por meio de instrumentos humanos, que se tornam assim pais espirituais. Mas Moisés não queria admitir esse pensamento, que poderia debilitar o seu argumento.
Um pai deve cuidar de seu filho. Um pai carrega seu filho como se fosse sua ama, uma metáfora um tanto desajeitada, porque um pai não pode dar de mamar a seu filho. Contudo, metaforicamente, assim faz um pai, e assim o argumento de Moisés acabou tornando-se válido. O pai que gera também cuida de todas as necessidades subsequentes de seu filho. Mas Moisés, de acordo com 0 argumento que apresentava, não era esse pai, pelo que também não era 0 responsável pelo filho. Mediante essa distorção do argumento, Moisés dizia que o povo de Israel não era de sua responsabilidade, pois o pai era Yahweh.
Um pai deve prover o que for mister para seu filho. Esse foi o argumento final de Moisés: ele não era capaz de prover para as necessidades de Israel. As exigências dos filhos de Israel ultrapassavam sua potencialidade. Mas Yahweh tinha capacidade para tanto, pelo que deveria mostrar-se ativo nesse aprovisionamento. Um pai gera a seu filho; cuida dele como se fosse uma ama, e também provê para todas as necessidades do filho. O filho faz conhecidas as suas necessidades mediante 0 choro. Uma criança não dispõe de outra maneira para queixar-se. O choro irritante do filho pode produzir maravilhas, fazendo com que vontades contrárias se submetam, conforme qualquer pai ou mãe sabe muito bem. Foi como se Moisés tivesse dito ao Senhor: “Escuta Teu filho chorando! Faze 0 que ele está pedindo!”.
O filho que chorava metia pena, mesmo que seus pedidos não fossem razoáveis, o que sucede com frequência. Moisés foi levado ao desespero pelo choro da criança, e rogou por imediata intervenção divina.
Moisés, uma espécie de padrasto, desviou sua atenção para algo que não era 0 mais importante. Além de ter de ouvir o choro do bebê, agora também tinha de trabalhar acima de suas forças. Esse quadro reflete perfeitamente bem 0 que sucede a uma mãe e sua criança. Há momentos em que uma mãe chega a pensar que não conseguirá sobreviver até o fim do dia. Tal mãe fica então tão indignada quanto Moisés ficou: cheia de queixas, e até mesmo violenta, punindo sua criança de maneira desnecessária e estúpida.
Mata-me de uma vez. Moisés chegou a preferir a morte. Ele estava desesperado. Não mais aguentava o programa diário que envolvia um bebê chorão e trabalho em demasia. E assim pediu uma drástica intervenção divina: a morte. Naturalmente, ele preferiria a morte, se Yahweh resolvesse não vir em seu socorro. Como é claro, o próprio Moisés tonara-se agora um bebê chorão. A morte súbita poria fim ao problema, fazendo seu estado de miséria chegar ao fim. Alguns críticos textuais afirmam que esse foi um dos textos onde os escribas alteraram propositadamente o texto original, que eles insistem em que era “tu”. Em outras palavras, Moisés ter-se-ia queixado do estado de miséria de Yahweh, porquanto 0 Senhor lhe dera uma tarefa que ele não conseguia cumprir. Mas os judeus piedosos que comentaram o texto sagrado nunca permitiriam que passasse, sem algum comentário, um estado de miserabilidade atribuído a Yahweh.
Se tenho achado favor aos teus olhos. As palavras de Moisés eram extre- mamente amargas. Se ele fosse alvo de alguma graça da parte de Deus, que então fosse galardoado com uma morte misericordiosa.
“A resposta dada pelo Senhor nem permitiu que Moisés morresse e nem tirou dele a posição de liderança. Em vez disso, Deus criou uma estrutura de sublideres, permitindo que Moisés delegasse responsabilidade. Deus instruiu Moisés para que selecionasse setenta anciãos de Israel, homens de boa reputação, sobre quem seria derramado 0 mesmo Espírito que repousava sobre e dava poder a Moisés (cf. Êxo. 18.21-26; Atos 6.3)” (Eugene H. Merrill, in loc).
Dos anciãos de Israel. Provavelmente estavam incluídos os príncipes, os doze homens que eram os principais líderes de cada tribo, listados no segundo capítulo de Números, Mas além deles devia haver outros, visto que Israel devia ter mais de três milhões de pessoas. Mais de seiscentos mil eram homens capazes de entrar em guerra (vs. 21). Como é claro, setenta homens não seriam suficientes para tão grande tarefa, mas esses poderiam encabeçar um sistema que poupasse a Moisés de muitos de seus deveres. Uma das características de uma boa liderança é saber delegar trabalho. Mas os pequenos césares, mui tipicamente, são avessos a delegar tarefas.
Talvez os setenta formassem um círculo maior que os doze príncipes, tal como Jesus tinha doze apóstolos, aos quais foram adicionados setenta discipulos, conforme lemos no capítulo décimo de Lucas.
Uma das mais pesadas tarefas de Moisés era julgar diariamente as pendências que eram apresentadas diante do tabernáculo. Os homens escolhidos pôr-se-iam de pé com Moisés, e as questões seriam divididas entre eles. E os casos mais difíceis, que desafiassem qualquer solução, seriam apresentados a Moisés, embora a maior parte fosse solucionada pelos setenta.
Superintendentes do povo. Esses eram os “organizadores”, homens em- pregados para orientar o povo, que vinham apresentar seus casos e suas queixas. Esses superintendentes agiam como auxiliares dos anciãos.
Ver Êxo. 24.1,9 e suas notas quanto aos setenta anciãos. Tempos mais tarde, o Sinédrio era constituído por setenta juízes. Esse grupo tornou-se uma espécie de corte suprema. O número de juízes, sem dúvida, foi sugerido pelo texto presente.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 642-643.
Os versículos 11-15. A denúncia e protesto de Moisés nestes versos servem ao mesmo tempo para mostrar o estado profundamente angustiado de sua mente, ea degradação das mentes das pessoas.
Nós já vimos que a escravidão tinha tanto tempo suportou serviu para rebaixar suas mentes, e para torná-los incapazes de qualquer sentimento elevado e digno, e de cada ato generoso.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
3. A punição de Miriã e Arão (Nm 12.4-7).
A rebelião provocada pela inveja de Miriã e de Arão contra a liderança de Moisés acendeu a ira do Senhor. Por isso, eles foram convocados, juntamente com Moisés, para fora da tenda (Nm 12.4). O Senhor desceu na coluna de nuvem, uma demonstração de sua presença, e falou diretamente com os dois revoltosos, mostrando-lhes a sua soberania divina. Ele deixou claro que, com Moisés, diferentemente do que fazia com eles, falava face a face, não por figura. Por causa da gravidade do pecado de Miriã em instigar seu irmão, Arão, a compactuar com ela contra Moisés, a punição foi imediata contra ela.
Miriã ficou leprosa no mesmo instante e foi separada do arraial de Israel por sete dias (Nm 12.10,15). Assim, o texto mostra que todo motim no centro da família tem consequência trágica. Por isso, devemos pedir sabedoria a Deus para agir em nossa família. É preciso evitar as falsas acusações, as palavras atravessadas, a destruição de reputação de familiares. Esse não é um comportamento de quem manifesta o Fruto do Espírito (Gl 5.22-24). A vontade de Deus é que a paz e a harmonia estejam sobre a família cristã, pois é o Espírito Santo que opera o caráter de Cristo na família.
COMENTÁRIO
O problema familiar provocado pela inveja de Miriã e Arão contra seu irmão Moisés acendeu a ira do Senhor. Por esse motivo, foram convocados juntamente com Moisés para saírem da tenda. O Senhor desceu na coluna de nuvem, que era a demonstração de sua presença, e falou diretamente com os dois revoltosos mostrando-lhes que Ele fala como quer, quando quer e a quem quer.
A Moisés Ele falaria face a face, e não por figura, porque o libertador de Israel era fiel. Por causa da gravidade do pecado, principalmente de Miriã, que instigou Arão a compactuar contra Moisés, ela foi punida imediatamente ficando leprosa e, ainda, teve que ser separada do arraial de Israel por sete dias.
Cabral. Elienai,. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 95-96.
Vós três saí à tenda. Yahweh interveio. O Senhor entrou em ação súbita e rapidamente. Ele cortou a rebeldia pela raiz, ainda no começo. Deus convocou Moisés, Miriã e Arão ao tabernáculo, onde manifestou a Sua presença, indicando qual era a Sua vontade. E todos os três foram compelidos a obedecer prontamente. Yahweh não permitiu que um câncer se desenvolvesse. A inclusão do nome de Arão aqui, tal como no primeiro versículo, depois do nome de Miriã, sugere que ela era a cabeça pensante da rebelião.
O Senhor desceu na coluna de nuvem. A presença de Yahweh manifestou-se por meio da nuvem que guiava o povo de Israel, bem diante dos olhos dos três, diante da entrada do tabernáculo. Havia três cortinas que serviam de portas do tabernáculo. É possível que esteja em pauta aqui a cortina que separava o Santo dos Santos do Lugar Santo, pois era ali que aparecia a glória shekinah, diante da arca da aliança.
Porém, muitos intérpretes pensam que está em pauta aqui a primeira cortina, afirmando que Yahweh nunca permitiria que os dois rebelados entrassem no Santo dos Santos do tabernáculo, mas, aníes, armou Seu tribunal de juízo fora daquele lugar, no átrio, defronte da primeira cortina.
Então disse. O Senhor convocara os três, e agora fazia-os ouvir as Suas palavras. A situação seria corrigida, antes que rebelião tivesse a chance de espalhar-se, conseguindo adeptos entre o povo, o que sem dúvida haveria de suceder se Yahweh não tivesse agido imediata e decisivamente.
Visões e Sonhos. Cf. Joel 2.28, citado em Atos 2.17: “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos”. Sonhos e visões são aspectos do dom profético, conforme os teólogos históricos o demonstram. Esses métodos são aprovados pela vontade divina.
Mas Yahweh tinha uma maneira superior de comunicar-se com Moisés, pelo que este não era apenas um profeta. Yahweh aparecia pessoalmente a Moisés, e não somente por meio de sonhos e visões. E provável que Miriã e Arão tivessem sonhos e visões proféticos, mas não falavam face a face com Yahweh. O modus operandi superior da maneira de Yahweh tratar com Moisés distinguia-0 dos profetas ordinários, tornando-o um mediador especial, ocupando no Antigo Testamento uma posição que Cristo viera a ocupar no Novo Testamento. Ele era um homem ímpar e um poder ímpar, o que o tornava mais do que um profeta.
Cf. este versículo com Deu. 13.1. Os sonhos eram considerados um meio de comunicação divina (Núm. 12.6; 22.20; I Sam. 3.15; 28.6; Jer. 23.25). Uma visão é uma espécie de sonho acordado; e, embora pertença à classe dos sonhos, é algo mais espetacular em seu modo de operação.
Não é assim com 0 meu servo Moisés. Essas palavras mostram a superioridade de Moisés em relação aos demais profetas. Todavia, é algo lindo receber sonhos e visões espirituais, que são modos de comunicação divina, segundo comentei nas notas sobre o versículo anterior. Moisés, contudo, gozava de um tipo de comunicação superior a isso. Ele se encontrava com Deus face a face, e recebia revelações diretas (vs. 8; ver também Êxo. 33.11). O papel de Moisés como mediador entre Yahweh e Israel foi assim reiterado. Ver Exo. 19.9; 20.19. Cf. Deu. 34.10-12.
Fiel em toda a minha casa. O fulcro dessa casa, naqueles tempos, era o tabernáculo; assim, a casa metafórica aqui referida era a esfera de sua atividade em toda a nação de Israel. Israel era a casa de Deus, nesse sentido metafórico. Moisés desincumbia-se fielmente de todos os seus deveres, e Yahweh não tinha do que se queixar contra ele, em contraste com Miriã e Arão, que se queixavam de Moisés.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 647.
O Senhor falou de repente.
A interferência súbita de Deus neste negócio mostra de uma só vez a importância do caso e seu descontentamento.
Versículo 6. Se há um profeta.
Vemos aqui as diferentes formas em que Deus geralmente se deu a conhecer aos profetas, viz., Pelas aparências visões emblemáticas, e pelos sonhos, em que o futuro foi anunciada por enigmas, bechidoth, por enigmas ou representações figurativas, Números 12:8.
Mas a Moisés Deus tinha se comunicado de forma diferente, ele falou com ele cara a cara, aparentemente, mostrando-lhe a sua glória: não por enigmas ou enigmático, o que não pode ser admitido no caso em que Moisés foi contratado, pois ele era receber leis por inspiração divina, os preceitos e as expressões de que todos devem ser ad captum vulgi, ao alcance da capacidade pior.
Como Moisés, por isso, foi escolhido por Deus para ser o legislador, por isso foi ele escolhido para ver essas leis devidamente aplicados para o benefício das pessoas entre os quais ele presidiu.
O versículo 7. Moisés, é fiel.
Neeman, um prefeito ou superintendente. Samuel é chamado, 1 Samuel 2:35; 3:20; Davi é chamado, 1 Samuel 18:27, Neeman, e o genro do rei. Jó 12:20, fala da Neemanim como um nome de dignidade. Ele também parece ter sido um título de respeito dado aos embaixadores, Provérbios 13:17; 25:13. Calmet bem observa que a fidelidade palavra é usada frequentemente para um emprego, escritório, ou dignidade, e refere-se a 1 Crônicas 9:22,26, 31; 2 Crônicas 31:12,15; 34:12, Moisés era um fiel, servo na casa de Deus, bem tentou, e, portanto, ele usa-o como um familiar, e coloca a confiança nele.
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
SINÓPSE III
Moisés é um exemplo de líder fiel, manso e humilde.
CONCLUSÃO
O motim levantado por Miriã e Arão tinha como causa a inveja da autoridade delegada por Deus a Moisés. Logo, as consequências de atitudes como essas produzem grandes prejuízos morais e espirituais na família.
Por isso, o apóstolo Paulo aconselha que andemos no Espírito para que as obras da carne não dominem as nossas atitudes (Gl 5.25,26). É tempo de muita prudência.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. A que se refere a palavra “motim”?
Refere-se aos atos explícitos de desobediência ou a uma reação negativa contra as regras e as ordens estabelecidas num grupo social.
2. Segundo a lição, por que Miriã e Arão não aceitavam o casamento de Moisés com uma mulher cuxita?
Por ela ser descendente de Cão, povo considerado vil. Porém, o real motivo era ciúme, pois queriam ter o mesmo protagonismo de Moisés.
3. O que acontece quando o sentimento do ciúme se instala na família?
Consequências trágicas.
4. O que a Bíblia declara a respeito de Moisés?
Que Moisés era um homem humilde e manso em atitudes (Nm 12.3).
5. Dentre muitos comportamentos, quais precisamos evitar na família?
O ciúme, o motim e as obras da carne (Gl 5.25,26).
Subsídio Lição 05 - Revista Lições Bíblicas CPAD - 2º Trimestre de 2023
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Descrição
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Tema: Relacionamentos em Família - Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus
Comentarista: Elienai Cabral
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Tema: Relacionamentos em Família - Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus
Comentarista: Elienai Cabral
Sumário:
Lição 1 - Quando a Família Age por Conta Própria
Lição 2 - A Predileção dos Pais por um dos Filhos
Lição 3 - Ciúme, o Mal que Prejudica a Família
Lição 4 - Ídolos na Família
Lição 5 - Motim em Família
Lição 6 - Pai Zelosos e Filhos Rebeldes
Lição 7 - O Relacionamento Entre Nora e Sogra
Lição 8 - A Importância da Paternidade na Vida dos Filhos
Lição 9 - Uma Família nada Perfeita
Lição 10 - Quando os Pais Sepultam seus Filhos
Lição 11 - Os Prejuízos da Mentira na Família
Lição 12 - Criando Filhos Saudáveis
Lição 13 - A Amizade de Jesus com uma Família de Betânia
Características
Altura 28 Largura 18 Acabamento Grampeado Periodicidade Trimestral Faixa Etária Adultos Tipo Escola Dominical
Altura | 28 |
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Largura | 18 |
Acabamento | Grampeado |
Periodicidade | Trimestral |
Faixa Etária | Adultos |
Tipo | Escola Dominical |
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